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A evolução das quilhas e as barbatanas do atum

Durante a década de 1950 as pranchas com bloco de poliuretano revestidas de resina plástica e fibra de vidro, com quilhas grandes semelhantes de barcos e veleiro se tornaram usuais

24/Set/2012 - Guilherme Pallerosi

Com estas inovações os surfistas começaram a pegar ondas maiores e mais velozes, desenhar curvas nas ondas, e com sorte entrar nos tubos (a tão desejada “green house”). Eis que outro sujeito chega com inovações sem precedentes.

George Greenough é uma lenda viva! Este Californiano erradicado na Austrália foi mais um surfista que entrou para o hall do surf por suas invenções, ideias e estilo de vida. Ele construiu no final da década de 1960 uma prancha pequena (5’5, aproximadamente 1,5m) para surfar de joelhos, pois pensava que assim teria maior mobilidade e seria melhor para entrar no tubo (considerando que as pranchas da época tinham em média 10 pés, aproximadamente 3 metros).

 

A pranchinha de joelho (kneeboard) funcionou muito além das expectativas, e seu maior trunfo não era apenas o fato de ser pequena e leve, mas a inovadora quilha que possibilitava atingir maior velocidade, fazer curvas mais fechadas, entrar e sair do tubo. Esta prancha ficou conhecida como “Velo” e mudou o surf para sempre. A quilha de resina era flexível, inspirada na barbatana de peixes, especialmente do Atum. O desenho da nova quilha, com base menor, ponta fina e maior profundidade possibilitava obter velocidade e fazer curvas fechadas. Não era apenas o desempenho desta prancha, mas o design deixava evidente a genialidade de Greenogh, simplicidade inspirada na natureza. Como ninguém tinha pensado nisso?

Em meados dos anos 60, Greenouh se associou com outro shaper inovador chamado Bob McTavish e juntos conceberam a "Magic Sam". Sam foi a ancestral das nossas pranchinhas de hoje, com tamanho menor que as pranchas da época (aproximadamente 7’0), com o fundo em V (Vee-bottom) e com uma quilha profunda e muito hidrodinâmica. A prancha permitia obter velocidade e fazer curvas fechadas, deixando o surf mais solto e as manobras mais fortes.

Em 1966, o Australiano Nat Young viajou para São Francisco para competir no mundial de surf com a Magic Sam. Young não só ganhou o campeonato, mas fez história pela forma como surfava, com tubos, rasgadas, cut backs e outras manobras na mesma onda. Com uma resposta rápida aos comandos, proporcionada pela quilha e pelo desenho mais dinâmico, o surf profissional passou a ser avaliado não apenas pelas ondas e estilo do surfista, mas também pela forma de se movimentar, obter velocidade e aproveitar as oportunidades da onda para manobrar a prancha.

Para mais matérias sobre história do surf e da construção de pranchas ancestrais (ancient boards) acesse o blog: http://madeiraeagua.blogspot.com/