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Carta de Esclarecimento de Lawrence Wahba sobre redes e telas

22/Mar/2007 - Lawrence Wahba - Recife - Pernambuco - Brasil

No Domingo 18 de Março de 2007 levei ao programa "Domingão do Faustão" uma matéria que fiz na África do Sul, mostrando aspectos positivos e negativos da forma com que este país combate problema semelhante ao que ocorre em Recife, com casos de ataques de tubarão a seres humanos.

Como destaque negativo mostrei as chamadas redes de emalhe, mecanismos de pesca utilizados para capturar e matar tubarões que se aproximam da costa. Estes mesmos mecanismos matam outros animais marinhos como golfinhos, baleias, tartarugas... E como se não bastasse o impacto negativo ao meio ambiente, as mesmas redes de emalhe são potencialmente perigosas ao seres humanos por duas razões: Muitas vezes tubarões passam para dentro da área delimitada por elas, ficando "presos" próximo aos banhistas e segundo, porque os cadaveres dos animais mortos nas redes servem de isca para atrair grandes tubarões. Na cidade de Recife a prática de instalação de espinhéis para "captura seletiva" de tubarões é igualmente ineficiente, imoral e perigosa, pois a isca "chama" tubarões de águas abertas para próximo das praias. Como destaque positivo mostrei operações de eco-turismo que levam mergulhadores para ver de perto os tubarões e conhece-los melhor.

Durante a exibição do programa critiquei a proposta de instalação dessas redes de emalhe na região metropolitana de Recife, redes estas que segundo apurei durante período em que estive em Recife para as filmagens do documentário Rebelião de Tubarões, em Outubro de 2005, foram proibidas pelo IBAMA.

Na segunda feira após a exibição do programa recebi um telefonema do Sr. Sérgio Murilo Jr, do Instituto Praia Segura, organização a qual devo respeito pelo trabalho de amparo as vítimas de ataque de tubarão e gratidão pelo apoio que me deram na filmagem do referido documentário, dizendo-se chateado pela minha critica a seu projeto de instalação de redes ou telas de exclusão na região de Boa Viagem.

Vim portanto, por meio desta carta, esclarecer o mal entendido, deixando claro que de maneira alguma me referi ao projeto do Insituto Praia Segura, que se baseia no modelo de tela de exclusão utilizado em Hong Kong, cujo impacto ao meio ambiente é muito pequeno e não atinge os animais mencionados por mim no "Domingão do Faustão" (baleias, golfinhos, tartarugas e principalmente tubarões).

Por outro lado, não há nenhuma experiência que indique que as telas de exclusão propostas pelo Instituto Praia Segura irão funcionar com segurança para banhistas e surfistas nas condições de mar de Recife. Sei que há testes em andamento e fui até convidado para acompanhá-los, entretanto, não tenho conhecimento técnico para opinar nos detalhes deste projeto.

Como admirador dos tubarões e cidadão de bom senso, a única coisa que posso fazer é desejar sucesso ao Insituto Praia Segura nessa iniciativa.