#kite 

Eduardo Fernandes veleja sozinho de Pernambuco ao Maranhão

"Eu, a prancha, o kite, a mochila em uma aventura de reconexão na 'Terra dos Ventos'" Acompanhe essa aventura!

17/Jul/2020 - Equipe Surfguru + Blog do Surf - Brasil

A jornada do surfista Eduardo Fernandes (@boardclub), indo de kite de Pernambuco ao Maranhão sozinho começou com nuvens pesadas e chuva. Serão 14 dias percorrendo 1500 km pelo litoral nordestino.

Primeira parada: Ilha de Itamaracá

Ele chegou a ilha depois de duas horas de velejo. Segundo Rato, como ele é conhecido entre os amigos, o mais difícil foi o trecho da capital Pernambucana, por conta da tempestade desta manhã. Mas os ventos fortes ajudaram a boa performace.

Dia 1

"O primeiro dia geralmente é muito tenso. É um convite para sair da zona de conforto, principalmente após 4 meses de isolamento social por conta da pandemia, e também em virtude da despedida da família. Eu queria ter saído com o nascer do sol, mas o dia amanheceu com uma grande tempestade e sem vento, então foi preciso aguardar as condições ficarem favoráveis para dar início ao roteiro.

Às 7h da manhã recebi a mensagem de um amigo que estava no litoral sul dizendo que o tempo já estava limpo e o vento já tinha marcado presença. Foi aí que rapidamente comecei a organizar tudo e me preparar para receber essa condição e sair velejando de Recife.

Quando a tempestade passou, o vento veio logo atrás. Fiquei apreensivo principalmente na primeira parte da viagem (de Recife a Olinda) por ter que cruzar a cidade do Recife, local de mar aberto, onde historicamente sabemos da presença dos tubarões. 

Tomei algumas quedas no começo ainda me adaptando com o equipamento mas a passagem por Boa Viagem foi bem tranquila, quando eu já estava com mais afinidade com o equipamento. A maior adrenalina de todas foi a passagem pelo Marco Zero, no porto do Recife. O mar estava muito grande e balançado e o vento muito forte. Eu estava com um kite 10 um pouco over (não completamente porque eu estava fazendo um downwind e acabou me ajudando). Mas quando passei por ali e já estava indo em direção a Olinda foi um grande alívio! 

Fiz a primeira parada na praia em Olinda para respirar, reenergizar, descansar um pouco o corpo e em seguida continuei a viagem em direção a Itamaracá onde encontrei vários velejadores no caminho, já que as condições de vento estavam muito boas. Chegando muito bem recebido em Itamaracá por alguns amigos, fiz uma pausa de 30 minutos para abaixar a adrenalina e me alimentar.

A segunda parte da viagem foi muito boa! Consegui me adaptar e evoluir com o equipamento. Assim que entrei no estado da Paraíba, o mar começou a ficar bem balançado e o vento bem mais forte e eu acabei perdendo um pouco a velocidade do velejo e precisei diminuir o ritmo para continuar em segurança.

O principal objetivo do primeiro dia era passar da Barra de Gramame, onde eu cheguei depois de ser bastante empurrado pelo vento de uma tempestade que estava chegando. Esperei por alguns minutos a tempestade passar mas o relógio já marcava 15h40 e eu decidi ficar em Barra de Gramame.

Mesmo com o lugar totalmente deserto, consegui encontrar uma pessoa que foi levar o filho para treinar natação no rio e me passou informações de onde eu poderia passar a noite. Foi aí que conheci Seu Duda, que tem um lugar mágico para receber campistas e aventureiros que passam por ali e fui presenteado com um delicioso peixe frito com macaxeira. Apesar do frio que fez na noite, consegui descansar bastante e antes das 4 da manhã já estava de pé para a saída do segundo dia."

Seguimos em terra firme acompanhando e torcendo pelo amigo que é referência nos esportes marítimos. Vamos mostar os próximos dias de expedição por aqui.. Acompanhe também no @blogdosurfe e @boardclub. Boa sorte e que bons ventos o levem.

Dia 02

Saída de Barra de Gramame (a 23km de João Pessoa) com destino a Barra do Cunhaú, em um percurso de 115km e 6 horas no mar! A primeira parada foi em Cabedelo depois de 1h10 velejando com vento terral, mar liso e muito adrenalina. Segunda parada foi em Lucena, depois de ser acompanhado por muito tempo com uma nuvem gigantesca e vento terral. 

Dia 03

O dia amanheceu com muita chuva e tempo instável em Barra do Cunhaú, o que acabou sendo bom para descansar o corpo e repor as energias dos primeiros dias. Chegada em Ponta Negra (Natal) após 2h30 de navegação e vento muito forte (além das tempestades encontradas no caminho). 

Dia 4 

Dormi e amanheci em Natal e às 6h30 da manhã eu já estava checando tudo, mas ainda não tinha vento. A missão do dia é chegar em São Miguel do Gostoso com o objetivo de, dia a dia, tirar o atraso do meu dia de ontem que era para chegar até Maracajaú, mas dormi em Natal. 

O dia amanheceu com vento fraco, mas por volta das 8h já pude perceber uns 12 ou 13 nós e fui pra praia me preparar e fazer aquele "cheklist" pra ter certeza que não esqueci nada. Estava super apreensivo principalmente porque o vento estava side off/terral de manhã e eu nunca havia feito um downwind saindo de Natal indo na direção de São Miguel do Gostoso. 

Saí por volta de 9h15 e mesmo com o vento não muito forte e eu não conseguindo acelerar muito no começo, a navegação foi muito boa no primeiro momento. Depois de passar a ponte de Natal o vento começou a aumentar e eu ganhei mais ritmo e velocidade, mas o vento ainda estava muito de lado, o que não me dava um ângulo muito bom (eu estava usando um kite 10). 

Depois de 4 dias de aventura, eu estou começando a ter de fato muita afinidade com os meus equipamentos, o que me ajudou bastante na navegação de hoje. Por volta de 12h30 o vento começou a ficar muito forte (aproximadamente 25 nós).

Quando a gente usa o foil, a gente acaba ficando "over" muito fácil em um velejo normal, porque em qualquer vento mais forte ele pede um kite pequeno, mas para o downwind, é impressionante como o foil otimizou o meu ângulo na popa, principalmente estando "over". No decorrer do dia eu fui pegando cada vez mais a manha de navegar com vento forte de kite 10 e foi muito bom! Fiz uma média de 25km/h e cheguei em São Miguel do Gostoso em 5 horas.

A minha maior preocupação foi depois de Peroba, que eu ia passar o Farol do Calcanhar (Farol de Touros) e o vento já estava bem terral essa hora (por volta de 14h). Decidi fazer uma navegação um pouco por fora para não ter perigo de pegar o vento rajado da beira. Dei um bordo só do Farol até São Miguel, que eu pensei que ainda estava longe e já estava chegando! 

Fiquei em uma felicidade imensa de cumprir a missão do 4º dia e chegar em São Miguel do Gostoso depois de um dia onde consegui me encaixar bem na troca de base, ter afinidade com o equipamento e tirar o atraso, recuperando 15km de velejo! 

Dia 05

Saída de São Miguel do Gostoso com a primeira parada quase chegando em Caiçara depois de algumas surpresas em alto mar pelo tempo instável e vento fraquíssimo, de cerca de 10 nós. Depois de mais 5km e de um velejo "punk" e quase sem vento, chegada em Caiçara do Norte para dormir. 

Dia 06

Saída de Caiçara do Norte com tempo limpo e boas condições para mais um dia de velejo. Primeira parada em Galinhos depois de um perrengue por falta de vento e resgatado por um barqueiro em alto mar. Segunda parada em Soledade e última parada no destino final: Ponta do Mel.

Dia 07

Saída da Ponta do Mel, no norte do Rio Grande do Norte, passando pela ponta de Santo Antônio, Areia Branca, Timbau e chegando no destino de Tremembe. A grande vitória de hoje foi ter chegado no Ceará! Venci o RN e agora é lutar pra passar de Fortaleza na esperança de melhores ventos.