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Minisimmons, o elo entre antigos polinésios e a vanguarda do século XX

As Minisimmons são a releitura de um modelo histórico desenvolvido nos anos 50 por Bob Simmons, um dos mais inovadores shapers da história do surf

18/Set/2013 - Madeira & Água - Brasil

O novo modelo veio à tona em 2006, em um resgate do trabalho deste surfista, digno de ser colocado no hall da fama dos designers do século XX.

Estas pranchas costumam ser bem pequenas (5’3 pés em média) e proporcionalmente mais largas que o convencional (boa flutuação), com o bico redondo (permitindo posicionar-se mais à frente), duas quilhas largas (maior área = estabilidade) e com menos profundidade (maior velocidade). Estas características fazem da minisimmons uma prancha divertidíssima, muito rápida e manobrável, proporcionando um tipo de surf bem solto, aproveitando toda a superfície da onda.

O vídeo Hydrodynamic Planing Hulls mostra um pouco desta prancha, inspirada em um modelo emblemático dos anos 50, uma releitura muito bem sucedida.

As Minisimmons unem os conhecimentos mais avançados de hidrodinâmica consolidados até meados do século XX aos conceitos clássicos das pranchas de paipo e alaia, desenvolvidas pelos povos polinésios ao longo de centenas de anos. Isto porque Bob Simmons começou a surfar na década de 1940 com pranchas feitas de madeira maciça e pequenos estabilizadores (o ancestral das quilhas), mas em um período de muitas descobertas tecnológicas, maior parte delas impulsionadas pela Segunda Guerra Mundial.

Simmons é descrito como um obsessivo pesquisador e um grande inovador do esporte, estudando assuntos como ondulações, swells, hidrodinâmica, novos materiais e técnicas, assim como outros assuntos relacionados ao surf. Nos anos 50, deparou-se com o manual recém-publicado por um engenheiro naval contendo os resultados de estudos feitos para a marinha norte-americana (“The Naval Architecture of Planing Hulls”, 1946). Neste trabalho, havia muitos testes sobre a hidrodinâmica do casco de barcos, com informações riquíssimas para um surfista e shaper dedicado como Simmons.

Primeiramente, Bob misturou materiais mais leves, como madeira balsa, compensado naval e espuma de polímero (foam), construindo uma prancha híbrida, meio termo entre as antigas pranchas de madeira e as contemporâneas de poliuretano. Devido a maior flutuação do isopor e da balsa, ele pode fazer uma prancha menor que a média da época (ainda sim com 9 pés), chegando ao peso de pouco mais de 4 quilos, quase nada se comparado as pranchas de madeira, que raramente pesavam menos de 15 quilos. Para selar o frágil material da água salgada, deu um banho de resina. Tudo mudou a partir destas inovações.

Quanto ao design, Simmons aprimorou as quilhas, dando formatos mais arredondados e com profundidade moderada, permitindo maior controle e ainda obter velocidade. Livremente inspirado no manual de hidrodinâmica, fez um teste muito bem sucedido com duas quilhas, e conseguiu maior dirigibilidade. O shape (templete) ainda respeitava o modelo das pranchas havaianas, mas com linhas e bordas melhoradas.

Enfim, Simmons revolucionou as pranchas e o surf, inaugurando um período em que surfistas começaram a explorar ondas maiores que os 8 pés. Ele mesmo morreu surfando um swell dos grandes na Califórnia. Infelizmente, Bob inventou muita coisa, mas não a cordinha (leash) que o prendesse a prancha, morrendo afogado nas ondas de Windasea em 1954.

Em seguida, outro vídeo da Hydrodynamic Planing Hulls mostra uma sessão de surf, desta vez em um modelo de prancha fiel ao shape de Simmons da década de 1950.

Percebam que a prancha original dos anos 50 possibilitava fazer curvas com certo controle, mas dava pouca estabilidade (drive), o que favoreceu posteriormente as grandes quilhas que viriam se tornar populares nos pranchões da década de 60. Este problema foi certamente resolvido nas Minisimmons, graças aos avanços no design das pranchas do século XXI.

Para mais informações sobre estas pranchas acesse:

http://www.minisimmonssurfboards.com/ e http://surfboardsbyhydrodynamica.com