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Morte de Michael Peterson deixa o surf de luto

O lendário surfista australiano Michael Peterson morreu nesta quinta-feira (29/03) aos 59 anos e deixou o mundo do surf de luto. Após um ataque cardíaco, MP faleceu pela manhã em sua casa na Gold Coast

29/Mar/2012 - Edinho Leite

MP dominou a cena do surf australiano durante a década de 1970. Entre 72 e 77 venceu basicamente todas as competições na Austrália com um surf inovador e agressivo. Wayne “Rabbit”, Peter Townedn, Mark Richards... Todos os seus contemporâneos o respeitavam, assim como Fanning ou Slater que chegou a dizer a ele: “Hei, você é melhor que eu”. "Ninguém seria mais corajoso, extremo ou ficaria mais tempo dentro dos tubos de Kirra que Michael Peterson”, afirmou Nick Carroll no livro “The Next Wave”, comentando as performances de MP em tubos de mais de 10 segundos. Sua vida, extraordinária e conturbada, foi registrada na biografia de Sean Doherty, “MP, A Vida de Michael Peterson” e ainda inspirou o romance “The Life”, de Malcolm Knox.

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Boa parte do estilo agressivo do surf australiano tem a ver com esse “Cooly Kid Original”, mas não só quem o assistia ao vivo foi influenciado. Ele é a síntese do icônico Morning of the Earth, filme de surf de 1971. Era o piloto de testes perfeito para as, muitas vezes inovadoras, pranchas shapeadas por ele e o irmão Tom Peterson. Fazia e desfazia dentro e fora do mar. Em 1977 as ondas estavam perfeitas e tubulares em Burleigh Heads. Era a primeira competição com baterias homem x homem da história. Diante de 20.000 pessoas, MP bateu todo mundo, incluindo Wayne Bartholomew, futuro campeão mundial. Na final superou Mark Richards [tetracampeão mundial de 79 a 82] para vencer o Stubbies Classic, 1ª etapa do Tour Mundial. Foi sua última competição. Ele não gostava da mídia, da fama ou daquele monte de gente na praia.

Super Star até nos problemas

Até 1983 só foi visto ocasionalmente até virar novamente manchete. MP era um esquizofrênico não diagnosticado, que misturou seu status de celebridade ao mundo de drogas pesadas, carros velozes e isolamento. Tudo isso acabou culminando numa perseguição de carros cinematográfica, de Collangata até Brisbane [160km distante]. Foram necessários 35 viaturas da polícia e o fechamento de uma ponte para detê-lo. Disse ao delegado que havia escapado dos aliens. MP passou um período na prisão e em hospitais psiquiátricos. Mais tarde encontrou a paz, vivendo com sua mãe Joan Watts em Tweed Heads Sul, onde participava de alguns eventos de surf.

Mesmo sofrendo de diabetes, com a saúde debilitada pelos remédios que tomava por conta da esquizofrenia, sua morte foi um choque para a comunidade. "Diante de tudo que a família Peterson tinha sofrido e sobreviveu, você tinha a sensação de que ele estaria aqui para sempre", declarou o amigo Doherty ao Jornal The Sydney Morning Herald ontem.

"Quando ele estava no mar, não havia mais nada. Sua vida foi na água. Ele podia falar com a água, sabia de cada onda que vinha e qual pegar. Nada mais importava quando ele estava na água", declarou a Sra. Watts, que esteve com o filho durante os bons e maus momentos.

Embora ele não tenha surfado por mais de 20 anos, Peterson disse em uma entrevista que ainda sonhava com surf, inclusive com Bells Beach e Wink Pop. "Eu não me importava com o frio, era bom na época do inverno". Na próxima segunda-feira [03/Abr] abre-se a janela de espera para a 51ª edição do evento em Bells. Creio que MP estará debruçado nela, assistindo as direitas serem surfadas de uma maneira que ele ajudou definir.