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Porque o Título de Medina É Ótimo para o Surf

Neste artigo, o americano Bill Sukala, médico fisiologista e surfista, rebate o preconceito que predomina principalmente em países como Estados Unidos e Austrália contra os surfistas brasileiros. Apoiando o título de Medina como totalmente justo.

03/Jan/2015 - Bill Sukala - The Inertia - Austrália

Venho a público para dizer que: Gabriel Medina é um digno campeão mundial da ASP. Se você estiver evoluído o suficiente para ser capaz de ver através da névoa racista de sentimentos anti-brasileiros monossilábicos, engessados em sites de surf e mídias sociais, você vai concordar que Medina conquistou o seu título sem dúvida por merecimento.

Eles não cortou caminho como fizeram em 2001, após os ataques de 11 de setembro, de modo que ele não merece um asterisco ao lado de seu título ... "porque ele é brasileiro." Eu sou velho o suficiente para lembrar de Fabio Gouveia e Flavio Padaratz liderando o ataque desde os primeiros dias, e foi só uma questão de tempo até que um brasileiro do calibre de Medina quebrasse o bipolo de longa data do surf.

Com a exceção de Martin Potter em 89, Shaun Tomson em 77, e Felipe Pomar em 1965, o surf profissional para todos os efeitos, tem sido sempre foi uma corrida de dois cavalos entre os norte-americanos e os australianos.

Agora, com o espírito de agosto de 2000 do tubo de Teahupoo de Laird (apelidado de onda do milênio) ou do 720 em Portugal de Slater, Medina quebrou a barreira psicológica para outros brasileiros que podem ser candidatos dignos ao título mundial.

Então por quê há tanto ódio fervilhante e repetitivo por um jovem e claramente talentoso surfista? Acredito que Medina está pagando o preço pelo estereótipo percebido de brasileiros que aparecem em G-Land, em grupos de 20, vaiando e gritando em português, e rabeando todo mundo em um raio de 10 metros do pico. Eu sei que esse tipo de coisa aconteceu, mas com toda a justiça, eu também tenho visto muitos surfistas americanos e australianos viajando e se esquecendo de verificar o espelho retrovisor antes de dropar uma onda.

Como um americano radicado na Austrália, e como alguém que surfou em praticamente todos os continentes, exceto na Antártida, eu, por exemplo, me levanto em defesa de Medina e o surf brasileiro.

As punhaladas racistas penduradas na gíria que "Gay-briel soa estúpido" quando fala inglês é injusto, já que o inglês não é a sua primeira língua. Tenho a sorte de falar Português e, quando eu ouço as suas entrevistas em sua língua materna, eu vejo um jovem homem articulado com um bom coração e uma apreciação saudável pela prática do surf, que transcende todas as fronteiras culturais.

Quando o público brasileiro comemorou o título de Medina em Pipe, a conversa on-line tinha comentários como "eles são um bando de animais", e "por que eles não podem simplesmente agir como pessoas civilizadas?"

Então, eu estou acreditando que, se os brasileiros comemoram uma vitória no calor do momento, então eles são um bando de fanáticos hiper-nacionalistas? Será que alguém se machucou? Não. Talvez a mais recente geração de racistas são jovens demais para lembrar os tumultos do Op Pro de 1986 em Huntington Beach, onde as pessoas realmente se machucaram. Ou se esqueceram das palavras imortais do ícone americano da diplomacia Rodney King, "não podemos todos nos unir?"

Não importa de onde você é ou de quem você é fã, vamos todos concordar que Medina é um surfista imensamente talentoso, um jovem humilde, e um bom modelo a ser seguido pelas gerações de surfistas que virão depois dele.

O título mundial de Gabriel Medina foi bom para o surf profissional. Ele levantou a barra competitiva. Ele, sem dúvida, se esforçou para defender o seu título em 2015, que irá forçar os John Johns, Micks, Jordies e Michels a empurrar os limites de seu talento estratosférico!

Traduzido do site The Inertia