"in memorian" seu David Roichman por Fia Gouveia

A cerca de dois anos usei as páginas do Surf Guru para solicitar ajuda a população surfistica pernambucana para na ocasião doarem sangue no Hemope,pois meu sôgro,seu David Roichman,estava na UTI de um hospital da capital precisando de uma transfusão.

Não lembro ao certo se foi encontrado o tipo de sangue compatível com o dele,porem foi positivo para melhorar o banco do Hemope. Na época foram cerca de três meses de internação e vi seu David sair daquele “wipe out” casca grossa de forma guerreira, para felicidade dos familiares e amigos.

Na melhor descontração para comemorar a melhora e conhecendo a pessoa de Seu David,os mais chegados disseram com todo respeito ,é claro ;”véi David {como era carinhosamente chamado},vaso ruim não quebra”!

No longícuo ano de 1985 na praia do Dique de Cabedelo na Paraíba em evento de surf ProAm,foi a primeira vez que vi aquele senhor que no futuro viria a ser meu sôgro sentado em uma cadeira ,caximbo no canto da boca e boina ,no mais puro estilo “Jovem Guarda”. A bordo de um furção modelo Furgline,tinha desenbarcado no Dique com seus filhos,Alexandre e Elka Roichman e uma turma de agregados surfistas pernambucanos ,dentre eles; Claudio Marroquin,Carlos Burle, Zé Radióla e Marcelo Jaques,entre outros.

Em 1987,ano que me sagrei campeão Brasileiro Amador,em minha primeira vitória a nivel de Brasil,tava lá seu David na beira da praia da Itamambuca durante o Sundek Classic torcendo e me dando força.

Três anos depois ,passei a fazer parte de sua familia, aliás, ganhei mais um pai, pois quando nos casamos, a esposa ganha os pais do marido e o marido ganha os pais da esposa,não é mesmo? Se ganhei uma joia do meu sôgro,minha esposa,retribuí com um neto e posteriormente vieram mais dois. Nem preciso dizer que ele os divertia muito,no mais puro estilo avô “coruja”.

Na real,nada mais que uma continuidade de como tratava os filhos ,onde os apoiava sempre no que eles queriam.No caso do surf por exemplo,não medindo esforços para leva-los as competições ou montando uma fabrica de pranchas,que foi o caso da Furia Magia em sociedade com Ricardo Marroquin e, posteriormente a SeaDreams.

Seu David trabalhou muito tempo no ramo de jóias e na área do turismo,mostrando a brasileiros e principalmente europeus,as belezas do litoral pernambucano a bordo da escuna denominada Olinda.

Torcedor do Atlético Mineiro e do Sport Clube do Recife,foram muitas as vezes que me diverti com meu sôgro dando seus palpites no time e chingando juízes de tudo quanto era nome “bonito”.

Esse seu temperamento era tambem muito conhecido no meio do surf,onde lutava e brigava tomando o partido de quem ele achasse que deveria passar uma bateria ou vencer um evento. E se essa pessoa fosse seu filho? Vish minino,aí a coisa se complicava. Era um tal de ; “vou quebrar o palanque” se não mudarem esse resultado!...Essas e outras cenas ,na real faziam parte do cotidiano do esporte em geral na época e, são histórias boas de serem contada e relembradas.

Quem o conheceu e lembra de alguns episódios,deve estar dando boas risadas nesse momento.

No ultimo dia 6 de agosto,tinha ido a Recife às pressas com minha esposa,pois seu David estava novamente na UTI com diversas complicações. Para nossa tristeza,desta vez ele não conseguiu sobreviver e partiu deixando muitas saudades. Mais tarde ,naquele sábado ensolarado ,dia 7 de agosto,foi realizado o velório no cemitério Israelita,respeitando as tradições de sua religião judáica. Familiares e amigos compareceram para dar o adeus.

Os momentos de tristesa eram muitas vezes mediados pelas histórias contadas por um e por outro. Na hora do sepultamento, Carl Roichman resumiu em bonitas palavras o irmão falecido,e dentre elas ; “David era uma pessoa de muito bom coração. De personalidade forte, muitas vezes encrencava com os outros, mas três minutos após,já tinha feito as pazes “…

Adeus meu sôgro,descance em paz!

Fabinho

Na foto de arquivo pessoal,após sair de uma bateria no Sundek Classic em Ubatuba,seu David veio ao meu encontro juntamente com Fernandão{tambem falecido neste ano}. Ambos torciam muito por mim e me deram muita força.

Descancem em paz.