Robson Careca incentiva pessoas com necessidades especiais
28/Abr/2006 - Ellen Trinanes - São Paulo - BrasilNo início do século XX, o esporte adaptado veio crescendo aos poucos e de forma muito tímida. A realidade de grande parte dos portadores de necessidades especiais no Brasil e no mundo revelava poucas oportunidades para engajamento em atividades esportivas naquela época.
Felizmente essa história vem mudando, graças a pessoas com força de vontade, como o paraplégico Róbson Jerônimo de Souza, de 36 anos, mais conhecido como Careca. O ex-surfista, que sofreu um acidente há quase 8 anos, não desistiu de fazer o que mais gosta na vida, pegar onda. Além do amor pelo esporte e pela natureza, Careca colocou como meta a valorização e a divulgação do surf para pessoas especiais.
Atualmente ele possui um Clube de Surf, com 16 atletas, todos com algum tipo de deficiência física, localizado na praia da Baleia, em São Sebastião. No começo do mês, entre os dia 6 e 9 de abril, Careca teve a oportunidade de mostrar o seu trabalho na V Feira Internacional de Tecnologias em Reabilitação, Inclusão e Acessibilidade, que aconteceu no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo.
A atração do evento ficou por conta do stand Surf Especial e Clube Mão na Borda, de 16 m². Na feira, instrutores, educadores e fisioterapeutas conceituados deram depoimentos e informações do projeto idealizado por Careca. Atletas especiais também falaram sobre as suas experiências.
O shaper Arello levou duas pranchas de remada oceânica, com blocos de 6 e 8 metros, doados pela EPS Plásticos. Para a confecção da prancha, o representante Roque doou a resina e o tecido. Também foram expostas pranchas feitas com blocos Bennett, de 9 pés, uma das empresas que apóia o projeto do Careca.
Para o surfista, a ação mais importante do evento foi a inclusão social. "Estamos colhendo frutos aos poucos, pois é um trabalho árduo", comenta. Careca se diz impressionado com o companheirismo e reconhecimento das pessoas. "Muitos se dedicam pela causa e pretendem, da mesma forma que eu, construir um País com mais oportunidades".
A feira teve entrada gratuita e foi destinada a pessoas com deficiências (física, mental, visual, auditiva ou múltipla), familiares, profissionais da área, idosos e pessoas com mobilidade reduzida.
O dia D - Robson sofreu um acidente no dia 10 de outubro de 1998, quando retornava de Itamambuca, em Ubatuba, no Litoral Norte de São Paulo. Numa curva, o carro colidiu de frente com um outro. Careca que estava no banco traseiro foi arremessado contra o pára-brisa. Ele bateu a cabeça e teve uma fratura alta na cervical C6 e C7, provocando uma tetraplegia traumática.
O surfista permaneceu por três anos afastado do mar. Quando voltou a se dedicar ao surf, Careca não investiu apenas no esporte e decidiu recuperar o tempo perdido. Hoje, ele também pratica remada oceânica em prancha, natação, rapel, frescobol e bóia cross. Em toda atividade, o atleta recebe acompanhamento de profissionais.
Depois do trabalho realizado na feira, Robson pretende continuar divulgando o esporte adaptado. "Quero trabalhar para que nunca falte informação e assistência para pessoas de baixa estima, portadores de necessidades especiais e simpatizantes".
Durante o evento, Robson recebeu apoio do Grupo CIPA, Prefeitura Municipal de São Sebastião, EPS Plásticos, Bennett, Arello Surfboards, Mahar Cosméticos, Ortobras, Long Island, FreeSurf, Oakley, Kagê, Rea Team, Mormaii, Bright & New, Gretta Silk, Dropshoes, Surfvan, Fama Assessoria, Kicker do Brasil, Photoclub, WG, Lukaflex, Waves.Terra, Turco Loco, Sucos Wow!, Pdv's Web, Water Classic e Dartbag.
Quem quiser conhecer um pouco mais do trabalho do atleta não deixe de visitar o site www.surfespecial.com.br.