Tela de exclusão antitubarão em Pernambuco: retratação de Marcelo Szpilman
07/Jun/2007 - Marcelo Szpilman - Recife - Pernambuco - BrasilNo final de março circulamos uma Nota de Repúdio como resposta à notícia veiculada na mídia que dizia que uma rede de proteção contra tubarão fora instalada em Tamandaré (PE) para ser testada e posteriormente instalada na praia de Boa Viagem, em Recife.
Na nota, esclarecemos que a instalação de redes de proteção antitubarão em Recife seria uma reação absolutamente excessiva e antiecológica, pois essas redes matariam, além dos tubarões, uma quantidade muito maior de peixes, golfinhos, tartarugas e outros animais marinhos absolutamente inocentes. E isso é verdade quando se fala em rede de proteção, que nada mais é do uma rede de pesca feita para capturar animais.
No entanto, representantes do Instituto Praia Segura entraram em contato comigo para esclarecer que houve um mal entendido provocado pela terminologia usada pela imprensa ao divulgar os testes feitos por eles, já que, ao falarem em rede de proteção fizeram parecer que o modelo deles seguia o da África do Sul, o que não é verdade. O modelo deles assemelha-se às Redes de Exclusão usadas em Hong Kong há mais de 12 anos, sem capturas de animais marinhos.
O Instituto Praia Segura expôs alguns pontos que acho relevante:
1. Os recursos para a confecção das redes de exclusão foram obtidos com a ONG ambiental Suíça chamada AVINA, reconhecida internacionalmente por sua luta em prol do meio ambiente. Conforme consta no projeto de parceria, a intenção das redes pernambucanas é evitar a matança de tubarões e proporcionar uma convivência pacífica e harmônica entre o homem e natureza, protegendo o homem e o tubarão.
2. Toda a equipe que está envolvida no projeto é composta por especialistas, tem a coordenação do departamento de Oceanografia da UFPE e conta com apoio e suporte do IBAMA e financiamento do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).
3. As redes são de poliamida multifilamentos, com 5 cm entre nós, em formato BAR (quadrada), o que impede o aprisionamento de animais marinhos.
4. Os testes definitivos serão realizados na Praia de Boa Viagem, provavelmente ainda no primeiro semestre de 2007, e a análise da inocuidade ecológica e ambiental das redes de exclusão será realizada pela UFRPE, UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), IBAMA, CPRH e Instituto Recifes Costeiros.
5. Caso as redes de exclusão produzam impactos ambientais relevantes, o próprio Instituto Praia Segura pedirá o seu arquivamento.
Em função desses argumentos, que revelam bom-senso e cuidado com a questão ambiental, resolvemos dar um voto de confiança ao projeto do Instituto Praia Segura.