Thiago Jacaré conta sobre a Laje da Jagua
15/Ago/2009 - Marília Fakih NextSurf - Jaguaruna - Santa Catarina - BrasilO catarinense Thiago Jacaré é constantemente citado na mídia especializada por sessões de big surf na Laje de Jaguaruna, em Santa Catarina. Aos 26 anos, 13 de surf, Thiago é um verdadeiro embaixador desta onda, que afirma ser a maior do Brasil.
A onda da Laje do Jagua, como é chamada, quebra a 5 km da costa e foi desbravada em 2003 pelo big rider Zeca Scheffer. Thiago foi o último a rebocar Zeca numa sessão de tow-in na Laje do Jagua. Na mesma semana, o desbravador do pico veio a falecer, após um acidente de carro.
O trabalho de propagação da Laje do Jagua pelo Brasil e pelo mundo continua, e é levado à risca por Thiago Jacaré e pela Associação de Tow In de Jaguaruna (ATOW-INJ) juntamente com seus atletas.
Nesta entrevista, Thiago relata sua vivencia no big surf, conta como foi conviver no outside com Zeca Scheffer e diz com convicção: A Laje da Jagua é a maior onda do Brasil, uma caixinha de surpresas onde tudo é possível.
Como foi sua iniciação no surf?
Comecei a surfar com 13 anos, hoje tenho 26. Aprendi a surfar aqui mesmo em Jaguaruna, Santa Catarina, moro de frente pra Laje da Jagua.
Desde pequeno fui amarradão em ondas grandes, desde pequeno já gostava dessa adrenalina de surfar ondas maiores. A Laje da Jagua sempre foi um objetivo, nós víamos a onda quebrar da beira da praia, mas nunca podíamos surfar, já que ela quebra a 5 km da costa.
Foi ai que, em 2003, conheci o Zeca Scheffer, desbravador das ondas da Laje que veio a falecer em 2006, alguns meses depois do primeiro evento de tow in do Brasil, realizado aqui em Jaguaruna.
Tive o início com o Zeca, mas foi João Capilé, big rider brasileiro, quem me envenenou com o tow in. Desde então, me dedico totalmente a este esporte maravilhoso... Se for te contar toda história, daria para montar um livro!
E como aconteceu sua primeira big onda?
Sempre peguei mares grande no Farol de Santa Marta, Jaguaruna e Garopaba, mas minha primeira e grande onda na vida foi ali mesmo na Laje da Jagua. O mar tinha uns 18 pés de face e quem me rebocou foi Zeca numa bomba! Foi inesquecível, pois logo em seguida tomei a maior vaca da vida!
Você citou o Zeca Scheffer, descobridor da Laje do Jagua. A figura dele é presente entre os big riders deste pico?
Sim e muito. O Zeca foi nosso grande guerreiro, um fenômeno desbravador das ondas de Jaguaruna. Determinado, sempre presente em todos os grandes swell no pico. Tinha a onda da Laje do Jagua como sua principal pista de treino. Foi o Zeca quem colocou Jaguaruna no mapa mundial das grandes ondas.
E na laje, sua presença é sempre constante. Eu fui o último a rebocar o Zeca numa onda e ele estava a 3 meses sem surfar. Na mesma semana que veio a falecer, ele voltou a surfar e eu coloquei ele em várias ondas boas aqui mesmo na Jagua. Além disso, ele completou uma manobra que vivia tentando. Na época, apelidamos a manobra de zecacoptero.
O que você acha da cena do tow in no Brasil? O que pode melhorar?
Nós aqui da ATOW-INJ (Associação de Tow In de Jaguaruna) firmamos em divulgar forte as ondas grandes de Jaguaruna, provando assim, e a todos, que em nosso país existem sim ondas grandes. Tudo está melhorando.
Este ano foi criada a ABRASMO (Associação Brasileira de Surf Motorizado), que representa forte o tow in no Brasil. O que pode melhorar mesmo é as marcas brasileiras acreditarem mais nos projetos e investirem mais nos atletas e eventos relacionados ao tow in.
Como é seu trabalho com a ATOW-INJ?
Presido a ATOW-INJ há 5 anos. Realizamos um grande trabalho que é feito em equipe, que não é pequena não.
A função principal já foi feita, que foi colocar a Jaguaruna como cartão postal da maior onda do Brasil. Já provamos o suficiente sobre tudo o que anunciamos a respeito desta onda.
Você sempre é destaque na mídia especializada por sessões de tow-in na Laje do Jagua. Quais outras lajes brasileiras desta magnitude você já surfou?
Já surfamos várias outras Lajes. Uma que ficou bem conhecida é a Laje do Balcão, no Farol de Santa Marta (Santa Catarina). Ondas grandes e de respeito por explodir de frente a um paredão.
Mas nosso foco principal é Jaguaruna. Temos um objetivo específico e determinado, surfar ondas acima de 30 pés aqui mesmo no Brasil, existem registros entre 35 a 40 pés de face na Laje do Jagua.
Basta acreditar e ficar em cima de todos os swells, que logo realizaremos este sonho. Dai ninguém vai acreditar na potência e peso da onda, muitos vão até duvidar que isso é Brasil. Estamos treinando bastante para quando chegar a hora estarmos bem preparados.
Qual o apoio que a prefeitura de Jaguaruna oferece a ATOW-INJ? Há intenções de realizar um campeonato de tow-in no pico?
Existe um apoio. Depois do evento de 2006, aqui em Jaguaruna (Mormaii Tow In Pro), tínhamos que ter dado continuidade no projeto. Mas tudo foi travado, pois a prefeitura daquela época não abraçou a causa. Então tivemos que esperar quatro anos para dar continuidade nos projetos. Agora já esse novo prefeito está correndo atrás para a realização de futuros evento, um planejado já pra 2010.
Para fechar, como você classifica seu quintal de casa?
Laje do Jagua, a maior onda do Brasil. Uma onda que se assemelha a uma caixinha de surpresa, onde tudo é possível!
Apoio: SUNSET
Fonte: NextSurf