UFRJ mapeia potencial da energia das marés
Centro de pesquisas da universidade carioca tem grupo de estudos especializado em identificar o potencial de geração de energia das correntes de maré.
14/Out/2012 - Terra - BrasilEngenheiro civil formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o carioca Rafael Malheiro Ferreira é um dos maiores especialistas brasileiros em engenharia oceânica, e atualmente tem como grande desafio identificar os possíveis locais de exploração de correntes marítimas para a geração de energia elétrica.
"Minha função é mapear e monitorar regiões costeiras no Brasil e América Latina que tenham vocação para receber dispositivos conversores da energia das marés", diz ele, que faz parte do grupo de energias renováveis do mar do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (COPPE), da URFJ.
Segundo Ferreira, em termos de distribuição geográfica no Brasil, as correntes mais propícias ao aproveitamento energético estão concentradas no litoral das regiões Norte e Nordeste, em virtude das grandes variações de maré verificadas.
"Já identificamos mais de uma dezena de baías e estuários ao longo dos estados do Amapá, Pará e Maranhão, incluindo também áreas fluviais de afluentes do rio Amazonas, o qual recebe influência da maré em até 800 km desde a sua desembocadura", afirma o especialista.
Entre os projetos da Coppe/UFRJ, Ferreira destaca o de Porto de Pecém (CE), que se encontra em estágio mais avançado em relação aos demais. Outros estudos similares estão sendo conduzidos nos Estados do Maranhão (no rio Bacanga e na baía de São Marcos), Pará (baía do rio Maracanã) e Amapá (no rio Mazagão).
Para determinar se um sítio é adequado ou não ao aproveitamento das correntes, é necessário avaliar a densidade energética, ou seja, medir quantos kW podem ser produzidos por cada unidade de área interceptada pelas turbinas, além de sua variabilidade ao longo do tempo.
Em seu trabalho, Ferreira faz uso do sistema SAR (sigla em inglês para Radar de Abertura Sintética), tema central de sua tese de doutorado, que consiste na obtenção de imagens reais de correntes marítimas a partir de satélites.
"Em 2010, participei, como bolsista, de um grupo de pesquisa na Universidade de Miami, EUA, onde tive a oportunidade de aprimorar os meus conhecimentos sobre essa técnica".
Segundo Ferreira, além de ser uma fonte renovável, favorável ao meio ambiente, a energia das marés cumpre importante papel socioeconômico. "O seu desenvolvimento possibilita o atendimento a comunidades isoladas, como as da Amazônia, que hoje não são beneficiadas pelos sistemas convencionais de geração de eletricidade", diz Ferreira.