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A pororoca do Mearim

A equipe que foi cobrir o Brasileiro de Longboard passou por maus bocados ao ter sua embarcação virada por uma onda da pororoca

21/Abr/2012 - George W. Noronha - Maranhão - Brasil

No último sábado, fomos apresentados aos encantos e perigos do surf noturno na pororoca do Rio Mearim, município de Arari, no Maranhão. Hoje, vamos entender o temor dos caçadores de pororocas e ver do que a fúria desse fenômeno natural é capaz.

Essa aventura começou no sábado, 6 de abril, um dia após a lua cheia. A madrugada ainda não havia dado lugar aos primeiros raios de sol, mas os surfistas já estava em suas lanchas para mais um dia de caçada.

Surfar a pororoca exige uma infraestrutura diferente do surf convencional. Lanchas voadeiras e jet skis são equipamentos primordiais para que um "ataque" seja bem sucedido.

A movimentação começou cedo e o grupo composto por surfistas, fotógrafos, repórteres, cinegrafistas e comissão técnica do 1º Campeonato Brasileiro de Longboard na Pororoca já se encaminhava rio abaixo ao encontro da onda. Enquanto todo o grupo se distanciava e sumia no horizonte, o motor da lancha em que eu me encontrava insistia em não funcionar.

Depois de muitas tentativas, o motor finalmente ligou e pudemos ir em busca do grupo que já vinha atacando a pororoca, que vinha enorme, com mais de dois metros de altura.

A onda

Nunca vou esquecer a primeira visão que tive dessa pororoca. Quando a avistamos, a sua força e barulho lembrava uma bomba explodindo e espirrando água para cima em uma fúria aterradora. Quanto mais nos aproximávamos, percebíamos que era uma onda grande e imponente. Os atletas estavam se deleitando. Um deles era o atual campeão brasileiro de longboard, Danilo Rodrigo, que disputava sua bateria com Marcelo Bibita.

A uma certa altura, o motor da lancha começou a falhar. Estávamos a pouco mais de 50 metros da onda, com vários equipamentos como câmeras fotográficas e filmadoras. O motor falhava e voltava a funcionar. A situação foi ficando cada vez mais tensa e nós nos olhávamos como quem não acreditava no que estava acontecendo. De repente, o motor da lancha parou de vez e a pororoca, em sua fúria titânica, nos alcançou rapidamente.

O Naufrágio

Ainda tentamos surfar a onda com a lancha, mas não tivemos êxito e tampouco tempo para tentar qualquer outra coisa. Quando nos demos conta, a onda já estava engolindo nossa lancha e outra que vinha por perto.

Quando dei por mim, estava embaixo do casco, com a correnteza do rio puxando por baixo enquanto a lancha afundava cada vez mais. Eu estava preso na bolha de ar que se formou quando a mesma virou por cima de mim. Meu coração batia forte, estava tudo escuro, mas eu tinha de sair dali rapidamente.

Em um esforço para salvar a minha vida, respirei fundo e mergulhei, conseguindo sair daquela situação. Foi um alívio, mas a cena que vi naquele instante foi inesquecível. Todos da imprensa desesperados pelo fato de todo o equipamento ter ficado no fundo do rio, várias pessoas debruçadas sobre os cascos das lanchas naufragadas e todos com uma expressão de pânico no rosto, mas aliviados por estarmos todos vivos.

Entretanto, o perigo ainda não tinha passado, pois, apesar de não termos nos machucado gravemente, o piloto da lancha havia se cortado e o risco de um ataque de piranhas era real.

Em poucos minutos, as outras lanchas e os jet skis vieram em nosso socorro e depois de muito trabalho conseguimos retirar as voadeiras do fundo do rio e rebocá-las para a margem.

No final, tudo terminou bem e a pororoca nos mostrou que a mesma magia que torna esse fenômeno uma atividade radical, também tem seus caprichos, perigos e não pode ser de forma alguma negligenciada, pois, um erro sequer, pode ser fatal.

SAIBA MAIS

Campeão

O 1º Campeonato de Longboard na Pororoca, nas ondas de maré do Rio Mearim, município de Arari, no Maranhão teve como grande vencedor o baiano radicado em São Paulo, Carlos Bahia

Emoção

As próxima reportagens reservam mais aventuras na pororoca. No coração da Amazônia, cacei a mais perigosa e temida de todas as pororocas, a onda de maré do Rio Araguari, no Estado do Amapá, famosa por proporcionar ondas de mais de 4m de tamanho

Mais aventura

Acesso o blog Manobra Radicalno www.diariodonordeste..com.br para ver mais fotos e conteúdo exclusivo a respeito dessa incrível aventura