Acima de tudo Pavones
30/Out/2008 - Plácido Trigueiro - Costa RicaNovamente tive a grata companhia de um seleto grupo de brothers dedicados ao surf, eu Plácido Trigueiro, Beto da Toli, Junior Primata, Carlos Suassuna e Dr. César Nucci o médico, para tranqüilidade da trip.
Saímos de Natal/RN no triste 11 de Setembro, porém com muita esperança de encontrar boas ondas no nosso destino final que era Pavones, depois de longos meses acompanhando atentamente o swell, a lua, o vento e tudo que favorecesse as melhores condições do mar.
O roteiro da viagem foi Natal - São Paulo e de lá para Lima-Peru (ai o bicho começa a pegar, a adrenalina vai às alturas com aquele friozinho na barriga) até nosso último destino de avião em San Jose – Costa Rica. Apartir daí, diferentemente das outras viagens, demos de cara com um possante, uma Toyota Prado 4x4, a diesel completíssima, show de bola, e assim começamos a desbravar o fantástico litoral Sul da Costa Rica, sendo o primeiro pitstop em playa Hermosa, vizinha a Jacó.
Como em toda trip logo acontece uma roubada, no primeiro dia nas redondezas de Jacó saí com o Jr. Primata na madrugada para reconhecimento da área. Chegamos a Roca Loca e fomos surpreendidos por dois muchachos armados que para o nosso desespero, levaram a filmadora na qual eu estava iniciando a gravação de um documentário e de quebra ainda levaram a chave do carro, mas com calma tudo foi resolvido, uma vez que a locadora logo tomou as providências e nos mandou outro carro.
Aqui fica uma dica para quem pretende ir para à Costa Rica: é muito importante um seguro total do carro. Mas voltando ao surf e mais especificamente à playa Hermosa, realmente é como se fala, a mais constante da C. Rica. Se lá não tem onda raramente terá em outra praia, pois Hermosa é Beach Break, quebra para os dois lados de maneira forte, rápida e buraco, chegando à bancada de areia com toda pressão; sendo liso de manhã cedo e ventado à tarde.
Depois de dois dias e com a previsão de Pavones na mão, seguimos rumo ao destino, extremo sul da Costa Rica, dentro de um golfo. No caminho a onda ia mudando e logo chegamos a Quepos, na qual havia uma expectativa muito grande por ser uma onda de excelente qualidade. Mas que nada! Flat geral para surpresa de todos. Seguimos e a próxima parada era Dominical.
Chegamos à beira da praia e lá estava outro mar, pressão total, ondulação que ainda não tínhamos visto; a previsão estava certa e de cara quebrou uma esquerda alucinante que parecia sem fim; logo após entra uma bomba mais ou menos com 1,5 metros fechadeira, de ponta a ponta da baía. Aí a adrenalina foi às alturas, pois estava ali na nossa frente, o primeiro cartão de visita com responsa! Sentimos naquele momento que estávamos no rumo certo.
Continuamos pela floresta adentro, com uma preservação de causar espanto, simplesmente deslumbrante. O que nos chamou mais atenção foram as placas que sinalizam a passagem de animas, natureza pura, além da curiosa organização dos povoados, das casas e escolas, parecendo que não há pobreza no nosso caminho.
Lógico que sentimos a influência muito forte dos Estados Unidos, desde o transporte, passando pela saúde até chegar na educação. Assistindo a um documentário de surf, tive uma surpresa ao saber que lá não existem forças armadas e que todo investimento financeiro desta área é revertido para ações sociais.
Enfim! Chegamos a Pavones, lugar ímpar com um povoado aconchegante, pessoas tranqüilas e todos focados nas ondas, só para se ter uma idéia de que tudo lá funciona em torno do surf. Quando entra um swell tudo pára; aos poucos as pessoas do povoado vão chegando à beira da praia e de uma espécie de calçada onde as ondas passam bem pertinho dos olhos atentos, desde a polícia até os nativos mais idosos, todos contemplam aquele momento mágico: esquerdas sem fim dividas em três sessões correndo com toda pressão, para terminar calmamente dentro de uma baía.
Bom, a primeira caída aconteceu logo na chegada no final da tarde, nada muito especial, mais com reconhecimento ótimo. Já a segunda foi durante a madrugada. Chegamos no pico e demos de cara com um senhor americano local num longboard, com mais ou menos 68 anos e que logo me cumprimentou, quando de repente entrou uma série e ele mandou que eu fosse, mandei ver e foi uma festa. Então avisei à turma que tinha tirado a viagem; daí em diante tomei-o como referência e passei a ficar ali na mesma linha dele. O mar liso clássico até 2 metros na série, era tudo que nos esperávamos.
Com estas condições as coisas começaram a acontecer. No grupo tinham 04 goofys e um regular, nosso Dr. César Nucci, mandando ver de back side com muita segurança. O estreante da trip internacional, o Jr. Primata, foi a revelação botando pressão nas batidas; o clássico e estiloso Betinho fez a mala com muito estilo; já o dedicado Carlinhos Suassuna, muito rápido tirou proveito da situação para botar para baixo e fez altas fotos, enquanto eu com uma lesão no joelho, fiquei fazendo companhia aos senhores locais.
Como perdemos a filmadora no começo da trip, ficamos à procura de um fotógrafo e para nossa sorte quando o swell chegou, junto com ele veio nossa salvação, um panamenho que estava inaugurando sua maquina fotográfica aquática.
Então fomos falar com ele e não deu outra, ele registrou todos nós com a maior gentileza.
Todos satisfeitos com a plenitude da viagem, começa a difícil volta. Sabíamos que ainda teríamos uma madrugada e uma manhã em playa Hermosa. Lá chegamos à noite e só para ter uma noção da situação, eu já havia embalado minhas pranchas em Pavones para retornar ao Brasil. Mas que nada, surpresa! Na madrugada seguinte encontramos um mar clássico, ondas de 1 metro rápidas e fortes para os dois lados e assim foi nossa despedida de gala, digna de um encerramento.