Adiós, oceano gelado!
Hoje chegamos à última reportagem do Smolder na Estrada na região de Matanzas, Chile
06/Mai/2013 - Célio Beleza - ChileDurante vinte e oito dias procuramos trazer aos que acompanham o jornal Diário do Nordeste, informações precisas sobre mares nunca antes desbravados, com o objetivo de adicionar mais um destino internacional para os amantes do vento e das ondas.
Mostramos o dia a dia dos atletas Célio Beleza, Alberto Júnior, Anderson dos Santos e da câmera maker Lívia Melo, que dedicam suas vidas a esportes que muitas vezes põem suas vidas em risco em lugares inóspitos. Curiosidades, histórias e uma cultura inca sensacional, além de muita adrenalina, foram alguns ingredientes dessa expedição.
Ficamos localizados no pequeno povoado de Matanzas, onde podemos pegar boas ondas em um reef bem raso. As praias dessa região impressionam com águas transparentes e um visual incrível, onde é possível velejar ou surfar vendo o fundo de coral, como é o caso de Roca Cuadrada. Foi a primeira vez que pudemos sentir a vibração da natureza exuberante e a partir dali, a equipe começou a entender o significado da palavra Pacífico.
Além das poderosas ondas e dos ventos fortes, outra característica que impressiona muito é a extensão do dia. O sol se põe por volta 20:00 e é possível praticar qualquer esporte aquático até um pouco mais tarde.
“Fiquei pensando, estamos em um lugar que concentra um grande número de ondas tubulares por metro quadrado e ainda temos a condição de ficar dentro d’água até mais tarde, será uma verdadeira aventura.” Comenta Alberto Júnior fascinado com aquele momento.
Nossa última semana de exploração foi muito agitada, fomos em busca de mais vento e ondas em outros lugares e para isso precisávamos de algumas dicas e informações dos locais. Fomos direto falar com Juan Francisco, que nos indicou um pico chamado Caleta Matanzas, onde segundo eles boas ondas estavam quebrando com vento forte. Acordamos cedo no dia seguinte e partimos direto para o pico. Chegamos a um reef break super perigoso, onde ondas tubulares abriam para esquerda a partir de uma enorme ponta de pedra. Fizemos uma boa sessão de surf e logo o vento começou a soprar. Saímos para trocar de equipamentos, agora é hora do kitesurf. Com um vento terral de 25 knots fizemos uma sessão insana com manobras bem próximas ao reef. A profundidade não passava de um metro e após o velejo todo mundo tinha colecionado alguns cortes nos pés e nas pernas e muitos ouriços nos dedos. Depois de mais 2 horas de velejo tremíamos de frio, os pés e as mãos estavam ficando dormentes, não sentíamos mais segurança de dropar as ondas, era hora de sair para se aquecer e descansar.
Outro pico muito tradicional recomendado pela comunidade local de kitesurfistas e surfistas e visitado pela equipe, foi Pupuya. O potencial das ondas e a força do vento saltavam aos olhos. Lá sentíamos a natureza preenchendo tudo que nos cercava. O mar, o vento, o sol, o rio Rapel, o exuberante visual, tudo se completava e o desejo era de integrar tudo aquilo, de mergulhar naquela natureza e fazer parte dela, como apenas mais um elemento em harmonia com tudo.
Essa costa é agraciada com o espetáculo do sol se pondo no Oceano Pacífico. Além das cores magníficas do crepúsculo, a atmosfera criada pelo barulho do mar quebrando nas pedras é completada pelo ballet dos pelicanos e gaivotas, fazendo do final de tarde um momento super especial.
“Que pôr do sol magnífico meu DEUS, estou no paraíso, relata Anderson dos Santos.”
Também não podemos deixar de relatar, que em 2010 um grande tsunami destruiu muitas partes da costa do Pacífico, principalmente a região de Matanzas. Hoje em dia, nos arredores das vilas dessa região, temos muitos sensores e placas avisando que estamos em uma área de alerta de Tsunamis.
Conversando com um pescador chamado Juan Francisco, fiquei muito sensibilizado com o que ele disse, pois revive na pele os momentos de desespero deles. Dizia assim: “Muito devastador! Horrível, muitos mortos, pois era um feriado, tinha muitas pessoas fazendo esportes no mar e nossa vila esta ao nível do mar. Muitos ficaram desolados nas colinas, sem luz, água, comida, perderam tudo.
Minutos antes da chegada da onda gigante e dos tremores, fui imediatamente com minha família para as colinas, pois lá estaríamos seguros. Nossa comunidade demorou muito tempo para poder reconstruir suas casas e principalmente voltar à vida. Assistindo a cobertura nos rádios e televisão, chorávamos revivendo todo aquele pesadelo. Hoje em dia temos total estrutura e orientação, que se inicia na escola, para reagirmos com rapidez.”
Points Mapeados:
Parte Norte: Roca Cuadrada
Parte Central: Matanzas e Caleta Matanzas
Parte Sul: Pupuya
Nesses points mapeados o vento forte, as pedras e os corais deixam o velejo ou surf ainda mais radical e quando o mar sobe, a brincadeira se torna coisa séria.
A busca incansável pelas ondas, ventos e por picos perfeitos sempre nos levará a lugares inóspitos e inexplorados. Associar essa busca a um estilo de vida nos ajuda a alcançar o equilíbrio necessário para enfrentar os desafios do dia-a-dia. Temos a certeza de que Surfar é Sagrado!
Todo material produzido será usado na produção de um DVD sobre essa região e um guia impresso, além de ser publicado em sites e revistas especializadas de todo país.