As Furnas de Torres: Ação Ambiental, Encantos e Mistério...

Uma equipe formada por sete experientes surfistas, atravessam a Pontezinha da Praia da Cal enquanto recebem as instruções para uma arriscada missão: a embocadura e limpeza anual das Furnas Marinhas localizadas no Parque José Lutzenberger, o famoso Parque da Guarita.

Um turbilhão de emoções invade os corações e mentes dos participantes, enquanto pulavam no mar rumo ao primeiro ponto de limpeza, a Furna do Tocão. Essa furna foi descrita pelo francês Auguste de Saint- Hilaire em 1820 como uma grande chanfradura de difícil acesso, impossibilitada pelas violentas ondas que lavam o sopé do Paredão. Sem dúvidas, é a maior furna existente em Torres. Ao adentrar o domínio da furna, a equipe inicia uma minuciosa limpeza de resíduos sólidos e percebem, além de uma tartaruga marinha de grande porte em decomposição, um amontoado de madeiras e um tronco espesso de uma árvore na sua parte mais profunda, demonstrando a força da maré quando atinge seu ponto mais profundo. Os sacos de lixo foram retirados com técnica e organização pelos surfistas e levados de jet- ski até a praia pelo Corpo de Bombeiros. Após a primeira etapa concluída, a equipe sai remando com suas pranchas em direção à Furninha e Furna do Diamante, extasiados pela vista do Morro e seus pesqueiros. Admirados pelas belezas que consagraram Torres como uma cidade com um patrimônio natural único.

Chegando na Furninha, a equipe pode prestigiar uma palestra proferida pelo Professor e historiador Leonardo Gedeon no sítio arqueológico do primeiro Datum Altimétrico do Brasil, o Marégrafo de Torres. O Marégrafo tinha registros entre os anos 1919 e 1920 e foi transferido para o Porto de Imbituba/SC em 1958. O que desperta fascínio neste sítio encontra-se no interior desta furna onde se localizava o marégrafo. No interior da furna, existe um painel com inscrições históricas. Na parede de basalto, foram encontrados muitos nomes inscritos que acompanhavam a data da inscrição. Os nomes legíveis mais antigos pertencentes à Deoclécio Godinho Porto (1/4/1917) e Walter Robenhond (16/2/1918) – registros entalhados com técnicas de picoteamento, inclusive com refinada letra cursiva no caso do último nome citado - , datas  que coincidem com as primeiras décadas do século XX. Logo o doce canto da Sereia chama para a última Furna visitada, à Furna do Diamante.

Lendas, contos e mitos fornecem a áurea mística à Furna do Diamante, destacando-se a lenda da Sereia e o pote de tesouros no seu interior. Em sua porção interna, predomina um canal submerso com leve desvio para oeste e pouca área seca, formando uma espécie de túnel. O aumento da maré é sentido bruscamente e as ondas entram violentamente até seu ponto mais profundo. E algo inusitado ocorre na entrada da furna, o surfista profissional Stéfano Dornelles surfa a primeira onda no interior da Furna do Diamante, façanha repetida pelo também surfistas profissionais Renan Borba e Marcel De Rose. Por essa a Sereia não esperava! Na retirada dos resíduos que viajam ao sabor das marés e se acumulam nestes locais que são verdadeiros "templos esculpidos pela Mãe Natureza" a missão nas Furnas foi concluída com uma grande festa de comunhão com o oceano e com a natureza. O legado de mais de 20 anos, quando apenas dois amigos (Marcel De Rose & Zeca Scheffer “in memoriam”) se aventuraram no interior das furnas para recolherem saborosos mariscos e acabaram por retirar o lixo do seu interior, segue vivo.

O vídeo da limpeza das furnas tem a produção de H20 (Marcel De Rose).

Operaçao Furnas from Marcel De Rose on Vimeo.

Realização: Projeto Praia Limpa Torres - Associação dos Surfistas de Torres.

Apoio: Corpo de Bombeiros de Torres

Agradecimento Especial: Capitão Rodrigo Canci Pierosan (Corpo de Bombeiros de Torres); Jacques Brandão e Eduardo De Rose (Imagens).

Equipe Furnas: Marcel De Rose; Renan Borba; Toco Menezes; Stéfano Dornelles; Leandro da Costa; Carlos Freitas; Alexis Sanson; Iuri Silva; Leonardo Gedeon.