Aloha!
No meu
último texto aqui para o blog do Surfguru falei sobre os materiais dos equipamentos e acessórios que usamos no surf, reciclagem, reuso, sustentabilidade e a falta/problemas que o mal uso disso tudo causa no meio ambiente.
Ainda sobre este assunto, o caminho da sustentabilidade e reuso é cheio de possibilidades e tudo leva para um único objetivo e resultado: cuidar do meio ambiente e consequentemente, de nós!
Passando agora do uso de equipamentos de surf (mas sem deixar eles de lado) para algo que atinge ainda mais o nosso dia a dia, que é o uso de roupas, sapatos e etc, vamos analisar as opções que geram menos impactos no planeta, porque sim, o processo de fabricação têxtil também causa um impacto negativo.
Sem entrar no processo de fabricação em si, é fácil de identificar que só pela QUANTIDADE tanto de matéria prima quanto de produto final fabricado, já estamos falando de um volume imenso e que deveria nos assustar. Aqui entraríamos na questão do consumismo etc., mas o ponto principal desse texto é sobre como podemos diminuir esses impactos.
Com certeza você já ouviu falar em BRECHÓ!
Num passado – não muito distante – quando ouvíamos falar em brechó, automaticamente a nossa mente criava o ambiente de: um lugar meio sombrio e repleto de “coisas velhas”, de pouca utilidade ou um lugar com peças de vestuário para comprar coisas bregas.
Pois bem! Um brechó nada mais é do que um lugar onde se vende peças usadas, de segunda mão – em bom estado!
Foto: Thiago Trindade
Geralmente nesses lugares você encontrará todo tipo de peça: todos os estilos do mundo reunidos em um só lugar e de diferentes épocas. E esse é o legal de um brechó: além de viajar pelo mundo da moda em diferentes tempos, há diversos estilos, e o preço é bem convidativo.
Esse tipo de comércio é famoso no mundo todo e podemos encontrar verdadeiros TESOUROS por lá.
Voltando ao tema de sustentabilidade, ao colocar nossas roupas (e até os nossos itens de surf) para vender estamos contribuindo e muito com o meio ambiente. E pode acreditar, MUITA gente gosta e até prefere comprar roupas de segunda mão, já que muitas dessas peças foram usadas pouquíssimas vezes, estão como novas e tem um preço bom.
Então, não vacila, não tenha vergonha e visite um brechó. Você vai se surpreender com a qualidade, diversidade, peças lindas – e exclusivas!
Comprar roupas e itens usados é um gesto muito benéfico para o meio ambiente, já que a roupa está em excelente estado e vai continuar sendo usada por muito tempo. Uso consciente!
UPCYCLING
Como o nome mesmo sugere, Upcycling é o reaproveitamento de materiais já existentes. É a criação de novos itens a partir de outros que já passaram pelo processo de fabricação. Essa prática é bem recente, surgiu aqui no Brasil mais ou menos em 2016.
Assim como falamos sobre os efeitos das sobras dos equipamentos e acessórios de surf (se você não viu, vale a pena dar uma conferida nessa matéria – "
O tamanho da responsabilidade do surf com a poluição do meio ambiente"), na indústria têxtil não é diferente. Toneladas e toneladas de sobras são descartadas, mas com o processo de reuso e reciclagem, muito material voltou a ter vida e utilidade com pouco impacto.
Importante dizer que não é apenas a quantidade de material que é utilizado/descartado, mas sim a quantidade de gases de efeito estufa que são liberados pela indústria têxtil, que segundo a ONU, é responsável por mais emissão de carbono que o transporte aéreo e o marítimo – juntos!
Com o upcycling, as peças ganham mais durabilidade e isso minimiza drasticamente o descarte de roupas e outros itens – na maioria das vezes indevido – e incentiva o combate ao consumo desenfreado desse mercado.
Handplanes feitos com sobras de pranchas de surf descartadas. Fonte: @langthangdesigns
Também estão diretamente ligadas ao upcycling, a técnica de patchwork, que trabalha com emendas de retalhos de diferentes tecidos, e o rework, que, assim como o próprio nome diz, é uma forma de retrabalhar uma determinada peça por meio de customização.
Algumas marcas vêm trabalhando com mais responsabilidade ambiental e buscando uma pegada mais sustentável na fabricação de suas peças. Seja com peças feitas à mão ou peças feitas a partir de materiais reciclados.
Você já se perguntou: “quem faz minhas roupas?”
Antigamente – bem antigamente! – pensava-se pouco sobre isso e sobre os impactos que causaria ao planeta.
Hoje sentimos na pele – no ar, no mar, nas florestas - o tamanho do estrago que foi gerado e que ainda geramos. Mas temos a oportunidade de saber cada vez mais sobre o processo de fabricação de cada objeto que utilizamos e escolher o que causa menos danos e consequentemente “desencorajar” essas produções.
Por mais que pensemos que “eu sozinho não salvarei o mundo”, se eu e você tivermos essa consciência e conseguirmos levar essas informações adiante, mais e mais pessoas terão acesso e passarão a pensar e refletir sobre esses impactos. E se não para nós, para os nossos que virão.
Aproveitando o momento de Black Friday, em que o movimento – físico e virtual – para compras é frenético, fica o pedido de reflexão sobre a (des)necessidade de tanto consumo.
Deixo aqui uma sugestão frente a esse mês/semana em que a tela do celular fica pipocando promoções à todo tempo: no lugar de sair comprando e colocando mais roupas no seu armário e casa, que tal pegar um dia ou um final de semana para organizar suas roupas e tentar usar a técnica do armário cápsula? Ou que tal fazer uma bazar e vender aqueles equipamentos de surf que você não usa mais?
Eu confesso que é uma tarefa desafiadora sim, mas é incrível notar que não precisamos de tudo o que compramos e que não usamos algo em torno de 80% do que temos no nosso guarda-roupa. Faça um teste! Reuse, customize, recicle!
ALOHA!
-----
Aline Nicola é advogada, crossfiteira mas que sempre amou o mar. Depois de muitos anos afastada, voltou e se conectou de uma maneira inexplicavelmente mágica. Iniciando no surf, explorando histórias, aprendendo e compartilhando todo aprendizado – dentro e fora da água!
Instagram: @alinenicola