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Baía de Maracaípe tem surf hospitaleiro

05/Ago/2007 - Chico Padilha - Ipojuca - Pernambuco - Brasil

A maior identidade da Baía de Maracaípe, é com seus nativos, grande parte deles tendo antepassados há muitos séculos neste distrito de Ipojuca, litoral sul de Pernambuco. Mesmo depois que o tráfico de escravos foi proibido no Brasil, muitos chegaram escravizados.

A proibição " para inglês ver" não impediu a continuidade da vinda forçada e cativa dos negros, que passou a ser feita com codinome "galinhas" para disfarçar a ação criminosa; " Tem galinha no porto !" diziam os comerciantes da dignidade humana se referindo a chegada dos africanos à praia que hoje é referência do turismo na região: Porto de Galinhas, a badalada vizinha de "Maraca",

e que possui ondas surfáveis também. Ir a Porto, ir a Maraca, era assim para nós- vizinhos paraibanos- a mesma coisa.

A Paraíba, de menor litoral, e com menos ondas, sempre viu seus surfistas se dividirem entre suas praias e as dos vizinhos Rio Grande do Norte e Pernambuco.

Em Pernambuco, um camping de frente para às ondas na Baía de Maracaípe , era parte integrante do empreendimento de um engenheiro e empresário paraibano, que assim firmava regional ao então famoso "Vale das Cascatas", cuja principal atração já era um complexo de lazer no Conde, PB, mas não para os surfistas........

Era usufruindo, sócio ou não, da infra-estrutura do camping, armando barracas na praia, ou mesmo pendurando redes entre os coqueiros, que a maioria dos surfistas paraibanos se hospedava em suas viagens à Porto de Galinhas, "na real" à Baía de Maracaípe, de ondas que fazem parte da história do surf- também- da Paraíba.

Foi Maracaípe, no início dos anos oitenta, palco do primeiro campeonato de duplas que se tem notícia. Guto Clerot, primeiro campeão em 1983 de um circuito estadual na Paraíba, foi o destaque em dupla paraibana, fundamental para a mesma ir longe na competição até ser parada pelos potiguares Sergio Testinha e Felipe Dantas, a seguir campeões em Baía de Maracaípe.

Outro destaque paraibano em "Maraca" naquela primeira metade dos 80´s foi Anderson Santos, o falecido "Anda" das pranchas "AS" e de estilo fluido. Fabinho Gouveia, que o citou como referência em entrevista de campeão mundial na extinta "Inside" , competiu com prancha "AS" no histórico "Match/Balin" e foi terceiro em surpreendentes boas ondas do verão de 1986 na Baia de Maracaípe, nas quais anos depois venceria etapas do WQS e se sagraria campeão pernambucano profissional quando já tinha endereço em Recife e breve teria em Maracaípe.

"Maraca" também foi o último palco continental do tradicional "Hang Loose Pro Contest", antes dele ir definitivamente para Fernando de Noronha.

Em um Pernambuco de muitas opções de ondas e onde o surf é proibitivo no litoral metropolitano da capital- a Recife dos tubarões de Boa Viagem -, "Maraca" se mantém o palco principal das competições no Estado, e esse ano já sediou inúmeros eventos, a exemplo da abertura do seu circuito e também do Nordestino Profissional, da segunda etapa da divisão de acesso nacional, também ao Pena Nordeste Amador, à etapa do Volcom Tour para a molecada, e nesse fim de semana realiza etapa do Estadual, desta vez com patrocínio da "cem por cento Pernambuco" a surf wear com nome de outside recifense de grande tradição sendo hoje risco de vida:"Abreus".

O "Abreus Open de Surf" tem a tradicional presença de paraibanos no Profissional do vizinho estado, à exemplo da dupla de Baia da Traição Saulo Carvalho - que nela ganhou duas etapas da temporada 2006- e Erbeliel Andrade, de recente quinto lugar em mais uma hospitaleira recepção de "Maraca" aos profissionais do "Brasil Tour", paraibanos que estão na final desta segunda etapa que também terá o campeão da prova de abertura, pernambucano Alan Donato, e o sergipano Valmir Neto, terceiro na abertura do Nordestino 2006 na mesma Maracaípe.

De tanta tradição no surf pernambucano, e sempre acolhedora com surfistas de todo o Brasil, Baía de Maracaípe, Ipojuca, Pernambuco, Brasil, também é berço de grandes surfistas, á exemplo dos jovens Halley Batista, Bruno Rodrigues, Luel Felipe, Cezar Aguiar e Gabriel Farias, que podem chegar onde o saudoso conterrâneo deles, Gustavo Aguiar, certamente chegaria se não houvesse sido- há uma dúzia de anos- vítima em Recife de um acidente fatal na noite de um domingo marcado também por mais uma vitória sua no "quintal de casa', vitória na receptiva e querida "Maraca".