Bolsonaro vai depor à PF sobre joias nesta quarta-feira
Dez testemunhas serão ouvidas com o ex-presidente em salas separadas na sede da Polícia Federal em Brasília.
10/Abr/2019 -Bolsonaro deve depor na Polícia Federal em Brasília na quarta-feira às 14h30. Investigação apura entrada ilegal de joias presenteadas pela Arábia Saudita ao governo brasileiro.
Dez depoimentos são colhidos pela PF em simultâneo, em salas diferentes. O tenente-coronel Mauro Sid, exassistente-chefe do Executivo, assessor do governo de Bolsonaro e inspetor financeiro federal, está entre os entrevistados.
Como objetivo, a polícia tem de confrontar informações e impedir a troca de estratégias de defesa. Mauro Cid, o ex-chefe de gabinete de Bolsonaro, era seu melhor amigo e obedecia suas ordens. De acordo com uma fonte militar próxima, “Sid não decidia sem a aprovação do ex-presidente”.
Outro testemunho sobre o caso
O coronel Marcelo Costa Câmara também participará da audiência. Ele seria o operador de uma agência paralela de inteligência e segurança a serviço do ex-presidente brasileiro. Jairo Moreira da Silva, sargento da Marinha, viajou para Guarulhos (SP) na tentativa de recuperar as joias ilegais. Em dezembro, ele instruiu o assessor de Mauro Sid a tentar recuperar as peças no aeroporto, conforme sua declaração à Polícia Federal. Câmeras de monitoramento registraram o momento em que o sargento tentou negociar com a alfândega joias no valor de R$ 16,5 milhões.
Potencial para reduzir o desgaste
Apoiadores de Jair Bolsonaro veem esse depoimento como uma forma de reduzir o desgaste do escândalo das joias.
Um desses aliados diz que as oportunidades do silêncio de Bolsonaro são “zero” por causa disso. Pessoas próximas ao ex-chefe do Executivo disseram que a declaração foi uma oportunidade de mostrar compreensão sobre o que se tratava a disputa. Pode ser classificado como um ativo de “caráter muito pessoal”.
As facções do Partido Liberal (PL) próximas aos políticos entendem que o caso se tornou uma questão política, não apenas jurídica.
Outro lado do caso
Em entrevista exclusiva à CNN no aeroporto norte-americano de Orlando na semana passada, Bolsonaro negou que houvesse algo de errado com as joias. Disse que as recebeu de presente do governo saudita, afirmando que o “item” estava registrado.
“Se alguém agiu maliciosamente, não foi registrado. (…) Nada foi escondido. Se a imprensa divulgou, foi porque havia registro de recebimento”, explicou, acrescentando que todos os itens estavam “disponíveis”.
Defesa de Bolsonaro devolve terceiro pacote de joias
Um dia antes de seu depoimento, terça-feira (4), os advogados de Bolsonaro devolveram um terceiro pacote de joias. Continha um relógio Rolex e a entrega foi feita na agência da Caixa em Brasília.
Entenda o caso que envolve Bolsonaro
A Arábia Saudita entregou três pacotes de joias ao governo brasileiro. Já a Bolsonaro entregou durante o seu mandato anterior, de 2019 a 2022.
Segundo a defesa de Bolsonaro, “o imóvel estava devidamente registrado, catalogado e incluído no acervo da Presidência da República”. O representante explicou que toda a arrecadação de brindes está sujeita à auditoria do Tribunal de Contas da União.
Em 2021, príncipe Mohammed bin Salman presenteou Bento Albuquerque com dois conjuntos de joias. As mercadorias não foram declaradas como presentes do estado. Além da normalização e destinações adequadas, você não precisa mais pagar nenhuma taxa ao chegar no Brasil. O imposto federal exige que todos os produtos avaliados em mais de US$ 1.000 sejam declarados na entrada.
Uma das caixas em poder de um dos conselheiros foi apreendida pela Receita Federal. Continha colares, anéis, relógios e brincos de diamantes no valor de R$ 16,5 milhões.
De acordo com o órgão, a incorporação ao patrimônio da União requer requerimento do órgão competente. Também “a necessidade e adequação de ações, como a destinação de gemas de relevante valor cultural e histórico para serem destinadas a museus”.
Um comunicado disse que isso não aconteceu. Enfatiza que “A doação de bens em benefício próprio não é possível e só pode ser feita se houver efetivo interesse público”.
O papel da CNN
A CNN questionou o membro do governo Bolsonaro sobre a falta de registro da gema antes de chegar ao Brasil. O interlocutor afirmou que o presente do Reino da Arábia Saudita para a ex-primeira-dama e presidente deveria ter sido comunicado por um assessor do Ministério de Minas e Energia.
Em novembro de 2022, a CNN confirmou que o segundo “kit” foi entregue ao Gabinete Histórico da Presidência da República. Foi adicionado ao acervo pessoal de Bolsonaro no mesmo dia. Para mais informações sobre questões relacionadas a presentes e ética governamental, consulte o site apostas.guide.