Dez Perguntas a Kelly Slater
Durante o breve intervalo entre o Billabong Rio Pro e o Fiji Pro, Slater falou com a ASP sobre a estrada para Tavarua e passou algumas reflexões sobre o tour e a cultura do surf em geral.
31/Mai/2014 - Dave Prodan - Estados UnidosO americano Kelly Slater foi a "melhor coisa" do surfe pelas últimas três décadas. É um prêmio que foi ganho tanto dentro como fora da lycra de competição, e uma realização que não tem precedentes em todos os esportes. Agora, o 11 vezes campeão mundial vai para Fiji vestindo a camisa amarela mais uma vez.
1. Você sofreu uma série de lesões em 2013 e houve obviamente muita coisa acontecendo em sua vida profissional no início desta temporada em relação a sua separação recente da Quiksilver. Será que estes tipos de coisas podem desfocá-lo das baterias ou concentrá-lo ainda mais (a teoria do "animal ferido")?
Ambas as respostas estão corretas, às vezes. Eu acho que na maioria do tempo eu estive distraído e não me senti super-confiante até agora este ano. A boa notícia é que eu estou em uma posição muito consistente com todos os competidores, mas a má notícia é que esses números mentem um pouco. Quando tiramos alguns eventos, eu escorrego de volta, assim que eu preciso conseguir uma vitória logo para me solidificar. Eu ainda tenho algumas lesões. Meu quadril e a parte inferior das minhas costas são questões reais para mim, mas quando a adrenalina está alta isso se dissipa.
2. Em comparação com o atual campo dos Top 34 da ASP, quais são os componentes mais dominantes de seu surf? Por outro lado, quais são os componentes mais vulneráveis?
Eu acho que sou vulnerável em ondas como Margaret e Bells e no Rio, então eu estou feliz com os resultados nesses lugares. Meus pontos fortes sempre foram rasgadas e tubos, antigamente eu me sentia como se tivesse vantagem em pequenos beachbreaks, porque eu cresci nisso e foi o meu pão com manteiga. Viajar e procurar boas ondas, as minhas prioridades e emoção mudaram e eu me sinto como se estivesse muito melhor em o que se tipifica como "ondas de sonho" ... boas ondas tubulares em recifes.
3. Para isso, você sente que, em relação a outros locais da tour, o primeiro terço da temporada não favoreceu a sua programação? Como você ainda conseguiu se encontrar a esta altura do campeonato?
Eu não gosto de ouvir do primeiro terço da temporada, mas eu senti que se eu pudesse estar na corrida após estes eventos, que em Fiji seria um ótimo lugar para me dar bem. Estes quatro próximos eventos são historicamente bons para mim. Ondas inconsistentes e beachbreaks fechando como o Rio deixa todo mundo vulnerável a ser eliminado de forma inesperada por competidores de baixo na classificação. Todo mundo tem estado vulnerável, mas eu passei por pouco para ficar na frente.
Pessoalmente, eu realmente acho Fiji e Pipe e, possivelmente, Teahupoo e/ou J-Bay devem ser considerados como "melhores" por nós e deveriam dar o dobro de pontos. Três ou quatro eventos com 20.000 pontos para o primeiro. O dinheiro não importa; é o valor para locais de qualidade que deveria ter uma maior ênfase, e as ondas "não de sonho" da tour poderiam ficar, mas numa posição posterior. Haveria, então, um impacto real do que todo mundo considera serem os melhores picos de surf.
4. Após sua separação pública da Quiksilver, você perdeu uma bateria do 1° Round na Austrália Ocidental e um comentarista online disse: "Ele se parece com qualquer outro cara velho sem adesivos agora?" Existe alguma credibilidade na teoria da "psicologia do adesivo"? Em outras palavras, depois de ter um em sua prancha durante décadas, a ausência de um forte patrocinador não cria uma auto-dúvida?
Levou algum tempo para me acostumar. Imagine que você tem um exército com você para lutar uma batalha e você não está lutando sozinho e, em seguida, de repente você aparece sozinho (pelo menos mentalmente, porque eu ainda tenho meus amigos e suporte) para ir para a batalha. É uma certa psicologia, com certeza. Mas eu sinto que eu finquei meus pés no chão no final desse evento no Rio. Fiji é como a minha segunda casa, é confortável estar lá, eu só tenho que deixar fluir. É um mundo novo para mim. (risos)
5. A ASP nunca teve uma perna como esta em andamento - Fiji, Jeffreys Bay, Tahiti e Lower Trestles - todos os eventos em que você ainda seria considerado o provável favorito, e você está liderando o ranking atual. O que isso parace para você? Todo mundo na tour deveria estar preocupado?
Eles devem estar prontos. Eu também deveria. Esta é a melhor parte da tour e este trecho deve determinar quem ganha o título, na minha opinião.
6. Dado que a nossa indústria tem uma obsessão com um "status cult" e paga pelo potencial, em vez de realização, é claro que alguns de seus contemporâneos atuais na tour têm sido preparados como o "próximo Kelly Slater" desde o início da adolescência. Agora que eles estão chegando à metade ou mais dos 20 anos sem títulos (enquanto você continua a acumulá-los) você sente que eles estão vulneráveis a desmoronar um pouco psicologicamente por não corresponderem às expectativas?
Há mais pressão hoje. Falei sobre isso com relação ao Kolohe (Andino) no último evento, mas ele é um dos muitos que têm sido tratados dessa maneira, porque eles são grandes surfistas com muito potencial. Ganhar eventos é tanto devido ao psicológico, ao espiritual e à inteligência, quanto ao talento. As duas vitórias de Michel (Bourez) deste ano me lembram a determinação de aço de Danny Wills em 98, que nunca tinha vencido um evento, e então ganhou duas vezes seguidas no Japão. Foi uma loucura. Mas quando sua mente está no lugar certo e você tem a crença em si mesmo e não joga conversa fora, as coisas acontecem. Essa é a espiritualidade e o zen de competir.
Eu vejo caras levantando questões pessoais todo o tempo que eles percebem ou não, que irá levá-los a ganhar ou perder, e o resultado geralmente fica agravado por pessoas dizendo-lhes que ou foram roubados ou estavam destinados para este momento. Não acredito em nada disso. Estamos todos destinados a viver vidas grandes e ótimas, mas não basta as pessoas se conectarem com isso e entender ou acreditar.
7. Mark Richards teve uma dinastia (quatro títulos), Curren teve uma dinastia (três títulos) Andy teve uma dinastia (três títulos), Mick recentemente garantiu seu lugar na história (três títulos) e a sua está bem cimentada em 11. Há algum surfista atualmente na tour que você poderia realmente ver conquistar três ou mais títulos?
JJF (John John Florence) e (Gabriel) Medina estão destinados à grandeza com base na capacidade. (Filipe) Toledo é o melhor cara nos aéreos em ondas pequenas que eu já vi. Há um monte de caras realmente talentosos chegando. Vamos ver se eles podem tomar todas as decisões necessárias e juntar as crenças pessoais e pressões profissionais num contexto de lidar com as expectativas que os outros têm neles.
Eu sou um cara de uma cidade pequena de ondas [terríveis]. Eu tinha uma forte crença de que eu queria sair dessa vidinha aqui para um lugar grande e fazer coisas que eu podia imaginar. Se todos fizessem isso, as pessoas que pensam ter feito grandes coisas teriam inveja de todas as coisas incríveis acontecendo ao seu redor com outras pessoas todos os dias. As pessoas estão muito presas em problemas com alimentos e drogas e questões para se tornarem as melhores versões de si mesmas. Você simplesmente não pode ouvir outras pessoas lhe dizendo o que fazer (a menos que sejam os seus pais você seja uma criança, mas eles podem estar bem longe da base também!).
Esses caras que eu mencionei necessitam aplicar a mesma abordagem para as baterias que eles já têm em surfar as ondas da forma que eles surfam e eu acho que eles estão fazendo isso. Competições são apenas competições e elas realmente não significam nada no grande alcance do mundo, mas elas são pequenos indicadoras de como você está implementando suas habilidades de uma forma tangível. Algumas pessoas me chamam de obsessivo ou conduzido ou sortudo ou qualquer coisa. Eu sou todas essas coisas. Tudo o que não deveria ser? Somos criaturas dinâmicas. Nós temos que usar todos os estados de espírito para conseguir as coisas na vida.
8. Você consideraria Fiji um de seus mais fortes eventos na tour? É um local em que você pode se manter competitivo por vários anos?
Eu me sinto em casa em Fiji e quando as coisas se juntam me sinto como se eu pudesse ser competitivo lá para sempre. As ondas fazem a maioria do trabalho para você, você só precisa se encaixar corretamente e escolher as certas. A experiência tem me conquistado eventos lá com certeza algumas vezes.
9. Quando a maioria das pessoas pegam pranchas maiores (6'3", 6'6", etc), a sua tendência é pegar uma 5'9". Qual é a teoria por trás disso e por que você não acha que mais pessoas dos Top 34 fazem o mesmo?
Eu não posso falar sobre isso ...
10. Poderia Kelly Slater se satisfazer em se afastar das competições por tempo integral, antes do título n° 12?
É frustrante que eu tenha ganhado três eventos em ambos os anos (2012, 2013) em bons locais e em boas ondas e acabei perdendo o título. Acho que devemos realmente contemplar a idéia dos "melhores" picos de ondas de qualidade e colocar a ênfase nesses locais. Dito isto, estou amarradão. Eu tive uma carreira e uma vida incrível e não estou chorando por qualquer coisa que eu não possua. Foi-me dada a abundância de grandes coisas e oportunidades na vida. A décima segunda vitória só pode valer a pena se eu lutar por ela e teria mais significado assim.
Eu fiquei a uma bateria de distância, e mais provável, uma única pontuação de onda de distância de três títulos mundiais na minha carreira. Isso é como será na vida e no esporte. Se tudo o que importa é o jogo final e o resultado, então não se preocupe em tentar porque você irá falhar, porque todos nós temos coisas a aprender. Quando você perde, é aí que você encontra coisas que você ainda não aprendeu. E quando você perde é que você descobre quem são os seus bons amigos. E quando você ganha, as pessoas mais contrariadas são as que realmente não se importam com você.
Artigo traduzido da ASP
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