Diário de uma bodyboarder na Pororoca
05/Jun/2009 - Lorraine Lima - Amapá - BrasilSair do Rio com destino ao Macapá depois do convite para participar de uma matéria no canal alemão ARD. Éram 18 horas de barco do Macapá em direção a selva. Acordo com Sérginho perguntando se me sentia melhor e ia surfar. Dormi pouco na viagem e pensei em ficar descansando para recuperar o mal estar da infecção, mas não conseguia mais dormir. Meus pensamentos não saíam da Amazônia Legal, do fenômeno da natureza e logo pulei da cama. Gravamos algumas entrevistas. Qual é seu maior medo na Pororoca? A verdade é que tenho medo mesmo é de tudo! Mas sentia medo e queria enfrenta-lo. Uma aventura na Selva.
Fui pra lancha com o piloto e a dois cinegrafistas alemães enquanto Laus, André e o piloto iam no bote.
Estávamos mais perto da onda e os meninos estavam quase saltando, seria a minha vez depois, senti muita vontade de pular naquele momento. Só percebi que estávamos muito perto quando a produtora da matéria ficou nervosa. Em segundos a onda nos atingiu e a lancha virou.
A cena que se seguiu era o Titanic. Pertences boiando no rio, as outras ondas e ondulações da pororoca passando e deixando a equipe de TV desesperados. Vi um carote nadei pra agarrá-lo pois estava sem colete, a produtora também o agarrou e vi desespero nos seus olhos. Tentei acalma-la afinal ela usava colete mas seus dedos sangravam muito. Senti medo das piranhas que poderiam atacar. Logo chegou o bote para nos resgatar. Uma das câmeras afundou no rio e a outra estava úmida.
Chegado o dia do surf, pulei do bote e peguei aquela esquerda marrom, com gosto de chá da planta Kava (nativa de ilhas no sul do oceano Pacífico) usada como bebida cerimonial. Longa esquerda. Onda ou ondulação? Os dois. Surfava com dois surfistas ao mesmo tempo fiquei rapidamente pra trás na onda pois estava posicionada exatamente na parte mais gorda da onda. Segunda tentativa e lá estava eu quicando feito uma pipoca! A segunda seção da onda estava mexida demais. Consegui me soltar quando peguei uma direita, pedalei uns 5 minutos pra entrar depois mais 5 pra me manter e depois disso uns oito 360º, alternados em normal e invertido. Em alguns momentos sentia pontadas na barriga e me senti cansada ao surfar essa onda. Caí num desses 360º . O tempo passou tão rápido e a pororoca passou.
Imagens aéreas, cabeças feitas e mais diversão! Fiz Wake-surf pela primeira vez e adorei. No final da tarde arrisquei minhas primeiras remadas num stand-up.
Adorei essa viagem, admirando e registrando cada visual do Norte do Brasil. Li o livro inteiro Surfando na Selva na viagem, aproveitei cada minuto daquela aventura. A energia da água doce e dos seus mistérios e lendas!
Auera auara!