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Eficiente Físico

22/Set/2005 - Wanessa Alves - Fama assessoria - São Paulo - Brasil

Trabalhar sempre, vencer talvez, desistir jamais! Esse é o lema de Robson Jerônimo de Souza. Surfista desde a infância, Careca, como é mais conhecido, desenvolveu um projeto que visa a inclusão social por meio do esporte. Mesmo depois de sofrer um acidente que o deixou paraplégico, ele não desistiu de surfar e ajuda outros portadores de necessidades especiais a praticar um esporte.

Exemplo de superação, Careca, de 36 anos, mostra que o esporte está ao alcance de todos, independente de suas limitações física. Por meio do Mão na Borda `“ Clube de Surf e Remada para Portadores de Necessidades Especiais, ele incentiva outros portadores a praticarem o surf adaptado.

O projeto começou a ganhar força há dois anos. Aos poucos, Careca foi convidando pessoas para conhecer o trabalho. ` Cheguei com calma, mostrando que tudo era possível, basta querer`. No início, houve uma resistência, até que o primeiro integrante aceitasse o convite para a experiência. Quebrada a barreira, 16 cadeirantes, sendo seis mulheres e duas crianças, já aderiram ao projeto.

Algumas empresas como a fábrica de blocos Bennett já investiram no projeto de Careca. ` O Vicente e o Josil são pessoas extremamente sérias e profissionais. Eles não pensaram duas vezes, abraçaram a causa e estamos tocando a bola pra frente`, conta. Porém, para ampliar o projeto e atender mais pessoas, Careca necessita de novos apoios para dar suporte aos alunos. Ele pretende levar seu trabalho para pessoas de outros estados e países.

Mesmo morando distante da praia, na capital de São Paulo, uma vez por semana, ele pega o seu carro `“ uma Ipanema, ano 91, automática, e segue rumo à praia da Baleia, em São Sebastião, Litoral Norte de São Paulo, onde acontecem as aulas. Segundo ele, constantemente, o carro apresenta problemas e quebra, porém ainda é a única alternativa para que eles cheguem até o litoral.

` Enquanto isso, vou levando do jeito que dá. Não será isso que me fará desistir dos meus projetos`, alega. Ele diz que o ideal seria se tivessem apoio de alguma empresa, que fornecesse a locomoção de todos até à praia. ` O importante é ver e sentir o olhar dessas pessoas quando estão em contato com a natureza e o mar. Esse é um trabalho que a cada dia mais me emociono. É lindo, só vendo de perto para perceber o resultado`, fala Careca emocionado.

O nadador paraolimpico André Pinheiro Torres, de 30 anos, é um dos que teve a oportunidade de surfar pela primeira vez por meio do Mão na Borda. Cadeirante há 4 anos, devido a uma tetraplegia adquirida por um tiro na medula, ele conheceu Careca por intermédio de uma amiga em comum, que o convidou para experimentar o surf.

` Acho uma ótima oportunidade para todos os portadores que curtem a natureza, praias e surf, já que muitos não vão para uma trip por falta de recursos`, aprova o aluno o projeto. Ele fala que após o seu acidente o esporte ganhou mais espaço em sua vida. Para ele, a natação, o seu esporte principal, o ajudou bastante em sua reabilitação e inclusão social. ` Hoje, ela faz parte do meu dia-a-dia, pela minha saúde, disposição e, até mesmo, como profissão`.

O surf faz parte de sua vida como opção de lazer. Mas, ele já vivência as dificuldades do esporte adaptado há um bom tempo. Como participa de competições de natação, em busca índice para os jogos paraolimpicos de 2007, ele também corre atrás de patrocínios para participar dos eventos pré-classificatórios.

Trajetória - No dia 10 de outubro de 1998, retornando de uma session de surf em Ubatuba, no Litoral Norte de São Paulo, Robson Jerônimo de Souza, tomou o que seria o maior caldo de sua vida. Ele voltava de carona pra casa, em Guarujá, com um casal de amigos. Numa curva, o motorista se distraiu, perdeu o controle da direção e colidiu de frente com outro veículo. Careca teve uma fratura alta na cervical C6 e C7 e ficou paraplégico.

O acidente foi um baque em sua vida. Ele ficou arrasado e pensou que nunca mais subiria em uma prancha. Porém, após cinco meses, Careca deu a volta por cima e começou a fazer fisioterapia e trabalhar em sua reabilitação. ` No início, fiquei acabado. De repente, percebi que precisava tirar aquela imagem ruim da minha cabeça, mas pensava que nunca mais surfaria na vida`, recorda.

Desafiando os seus limites, Careca há três anos voltou a pegar onda e hoje surfa deitado em um pranchão de 3 metros. Além do surf adaptado, atualmente Careca também pratica rapel, tirolesa, rafting, natação, bóia-cross. No mês que vem, começa a fazer mergulho.

Careca já esteve envolvido no esporte em várias áreas. Trabalhou como produtor e organizador de eventos, juiz de campeonatos de surf, agenciador de atletas e também já fez segurança de água em campeonatos. Já viajou para vários lugares em busca de ondas e era praticante de mergulho e esportes de aventura.

Fotos Arquivo Pessoal Careca