Historia de um Swell
Noronhe-se! - A Ilha dos sorrisos.
03/Jun/2018 - Raoni Rodrigues - Fernando de Noronha (PE) - BrasilNo texto abaixo, irei tentar explicar o inexplicável!
Entretanto, tentarei passar o sentimento maior que essa ilha no meio do atlântico representa em minha vida! Fernando de Noronha é a esmeralda do atlântico, a ilha que cura!
Frequento Noronha desde 2005. Aos 19 anos fiz minha primeira Surftrip e logo para aquele lugar, que sorte a minha! Ali construí muitos amigos e novos membros da família, pois, tenho meu amigo/irmão e compadre Ramon Fleischman e meu afilhado, seu filho, Cauã.
No primeiro dia que pisei ali, sabia que aquela relação seria pouco provável acabar em uma única viagem, era uma felicidade extrema que sentia, parecia que iria explodir a alma.
Se passaram 13 anos desde aquela primeira vez, inúmeras idas e despedidas, muitos tubos, pores do sol, forró do cachorro e muitos sorrisos verdadeiros. Esse ano, estava com a passagem comprada para meio de março, quando vi alguns amigos irem de encontro ao primeiro swell que atingiu a ilha no final de fevereiro.
Logo em seguida, apareceu no gráfico o swell THE BOMB na semana seguinte. Confesso que comecei a ficar nervoso no escritório, pois, a ondulação era muito grande, nunca visto antes em nossas águas do norte e nordeste Brasileiro. Quiçá de todo Brasil.
Não conseguia antecipar a passagem, e começou toda a agonia, então decidi comprar outro bilhete e depois resolveria o prejuízo da então já comprada. Não iria me perdoar se não estivesse presente naquele fenômeno natural em águas que tanto amo.
No dia 27 de fevereiro, entrei em contato com o fotografo e filmaker Filipe Cadena e alinhei a trip e a produção do material, peguei o avião e pisei outra vez na Ilha, sendo recepcionado pelo Buiu Noronha e seu filho Victor Dantas, no qual agradeço a hospitalidade e atenção por toda minha estada.
Deixei as malas em casa e corri para água. Logo no primeiro final de tarde, me deparo com meu amigo Caia ´´organizando´´ a Cacimba em seu estilo. Já cheguei rindo ao seu lado e ali pegamos um canto do morro 5 pés parecendo pintura de quadro, perfeito e abrindo. Mas nem tudo são flores, levei uma serie de 02 metros de jeito na cabeça que foi o cartão de visita e serviu para abrir os pulmões para o que estava por vir nos próximos dias.
Na quinta-feira o mar já acordou nervoso, muito movimento de água. Cheguei na Cacimba na maré seca, estava espumando na laje e ninguém lá, talvez uns 3 ou 3,5 metros nas maiores. Como meu ultimo surf havia sido na Indonésia em junho do ano passado, analisei, observei, rezei e FUI. Apesar de sozinho, laje exposta 1mt fora d’água, peguei excelentes ondas. Deu para sentir a prancha e a pressão do início do swell. Saí com o sorriso de orelha a orelha. No final da tarde, a brincadeira já não dava para sorrir tanto assim. O mar com maré cheia, subindo nas pedras, começou a chegar próximo onde os carros estacionam, ninguém na água mais uma vez. Comecei a me concentrar e a vontade de entrar na água não passava, porém, ter a atitude de entrar sozinho naquelas condições muitas vezes é “Complicado”. Até que recebo uma mensagem do meu amigo de infância Felipe Barroco, Pio, dizendo: ‘’Rao, acabei de chegar, como tá o mar? ´´, e eu respondi que estava o esperando para entrarmos e que o mar estava nervoso. E assim foi, Pio chegou e eu já estava pronto para entrar. Se juntou a nós dois no pico os dois bigriders casca-grossa e locais BUDAY SANTOS e UKA DANTAS. A ilha está com uma nova safra de surfistas que tem o GO FOR IT no sangue. Esses dois ainda irão ganhar o mundo das ondas grandes! Disposição não os faltam (Atenção patrocinadores)! Fizemos um final de tarde alucinante e com o mar muito nervoso.
Chegou a SEXTA, dia THE BOMB. Cheguei na praia, e o que era aquilo? Um verdadeiro espetáculo da natureza. Tenho 26 anos de bodyboard, comecei aos 7 anos em frente da minha casa na valinha de 0,5m do candelária, em Candeias/PE. E ali em frente aos meus olhos ondas de 06 metros (18/20 pés), sendo o maior mar de minha vida.
No mar, vários nomes do cenário mundial do bigsurf, dentre eles: Marcos Monteiro, Pedro Scobby, Wilson Nora, Felipe Barroco, Buday Santos, Uka Dantas, Roberto Vieira de SUP, entre outros.
Lógico, tenho experiência suficiente para analisar uma condição extrema dessas. Vi o bodyboarder casca-grossa local Eron dando o gás para tentar descer as ondas e a velocidade que elas vinham, por serem oceanicas, eram absurdas para o tamanho de nossas pranchas. Mesmo com vontade de surfar, julguei prudente não encarar aquelas ondas e observar o show de SURF da areia, afinal, tenho minha cria de 5 anos (filho) para dar continuidade em casa.
Apesar que no final, acabei entrando na água. Isso já é uma outra história a ser contada! (risos).
Cada onda surfada, a adrenalina pulsava como se fosse eu ali, indiscutivelmente um dos melhores dias de minha vida. Finalizamos o dia com um churrasco comandado por TUBA NORONHA e muitas histórias do swell, sorrisos e amigos ao redor da churrasqueira. QUE DIA ILUMINADO!
No sábado e domingo, pós apice do swell, o mar se manteve com 10/12 pés e eu voltei para a água. Sempre na maré seca, desta vez no canto do morro (quem já pegou Noronha, sabe o que estou falando!). Pipeline! Eu e Felipe fizemos rodízio de tubos secos e largos!
Sou grato a Deus por tudo ter corrido bem e ninguem tenha se machucado nesses quase 05 dias de surf extremo, só tinha surfistas experientes e de alma dentro d’agua. Que energia!
Das dezenas de vezes que fui à ilha, indiscutivelmente, essa foi a mais especial por varios aspectos. Aquelas viagens que lavam a alma de tanta felicidade, não apenas pelas ondas, mas em encontrar os velhos e fazer novos amigos é algo que em Noronha se faz de melhor.
Já diz o refrão da música do Nando Cordel ´´As amizades que Noronha faz...´´ e essas arrastam para a vida. Por isso afirmo, Fernando de Noronha é a ilha dos sorrisos largos e verdadeiros.
Então, Noronhe-se!
#GoRao
Ps. Segue um pouca da minha história com Noronha e em especial com a Cacimba do Padre!