Jadson André salva a pátria na abertura do Billabong Rio Pro
Terceira etapa do ASP World Tour começa nas lendárias esquerdas do Arpoador com belas apresentações de Kelly Slater e Taj Burrow
17/Mai/2011 - João Carvalho / ASP - Rio de Janeiro - BrasilBerço do surfe brasileiro, a Praia do Arpoador foi o palco da abertura do Billabong Rio Pro na terça-feira de boas ondas de 3-4 pés. Nem as chuvas ocasionais impediram que um ótimo público comparecesse no primeiro dia da etapa brasileira do ASP World Tour no Rio de Janeiro.
O potiguar Jadson André começou a defender o título com vitória, sendo o único brasileiro a avançar direto para a 3ª fase. Mas, os maiores destaques da terça-feira no Arpoador foram o dez vezes campeão mundial Kelly Slater, o também norte-americano Taylor Knox e os australianos Taj Burrow e Mick Fanning, que conseguiram as maiores marcas da fase classificatória.
Um aéreo de Taj Burrow na finalização da sua primeira onda arrancou os primeiros aplausos do dia. Com imbatíveis 16,33 pontos, o australiano mandou dois brasileiros para a repescagem numa tacada só, os catarinenses Alejo Muniz e Ricardo Santos. Os 8,5 pontos recebidos por Burrow nessa onda só foram superados pela nota 9,0 da melhor apresentação de Kelly Slater em sua estreia no Billabong Rio Pro.
"O dia começou estranho e quando a organização resolveu começar o campeonato, o vento forte entrou na hora, prejudicando bastante o mar. Mas, se você tiver sorte e paciência, dá para encontrar umas ondas abrindo. Foi o que eu fiz. Achei duas ondas boas logo no início e isso me deixou mais relaxado para o restante da bateria", disse Taj Burrow, que já venceu a etapa do Brasil três vezes, em 1999 na Barra da Tijuca, em 2002, em Saquarema (RJ), e em 2004, em Imbituba (SC).
O bicampeão mundial Mick Fanning estreou na bateria seguinte, somando 15,07 pontos para derrotar o "local hero" do Arpex, Simão Romão, além do havaiano Dusty Payne. Kelly Slater fez um pouco mais, 15,17, graças a nota 9 que recebeu com três manobras fortes numa esquerda da série no Arpoador. O jovem australiano Julian Wilson começou na frente, mas terminou em segundo lugar, com 14,37 pontos e caiu para a repescagem junto com o convidado da Billabong, o paranaense Peterson Crisanto.
"A bateria começou meio confusa pra mim. Cheguei meio atrasado, não sabia qual era a minha lycra e já entrei no mar com a bateria na água", contou Kelly Slater. "O Julian (Wilson) começou numa onda boa, mas ainda tive uns minutos pra me adaptar às ondas e sabia que ia entrar algumas séries boas. Então tinha apenas que esperar. Consegui um seis e pouco e logo depois peguei uma boa dando duas batidas bem em cima no lip. Quando saiu a nota nove eu pude relaxar e surfar um pouco mais tranqüilo".
Slater também comentou sobre o que fez durante os dias sem competição no Rio de Janeiro: "Eu não surfei muito esses dias, principalmente por causa do crowd, mas estou me divertindo, passeando, visitando velhos amigos, fazendo um som e procurando preencher o tempo livre da melhor maneira".
O melhor do mundo ainda respondeu sobre o potiguar Jadson André, que o derrotou na final da etapa brasileira do ASP Tour no ano passado em Imbituba: "O Jadson é realmente um surfista muito perigoso nessas condições. Essas esquerdas abertas é o tipo de onda que ele gosta e surfa muito bem. Não só ele, como os outros goofy-footers do circuito com certeza terão mais facilidade para surfar esta onda".
Jadson André comprovou o que disse Kelly Slater. Ele apresentou seu arsenal de manobras nas esquerdas do Arpoador para começar com vitória a defender o título do Billabong Pro do Brasil. Além das batidas verticais jogando a rabeta, mandou seus aéreos e até tubo surfou na bateria contra o australiano Bede Durbidge e o norte-americano Gabe Kling, que caíram para a repescagem.
"É sempre muito bom começar um campeonato com o pé direito, passando diretamente para a terceira fase porque você ganha um dia de descanso pra relaxar e treinar um pouquinho", disse Jadson André, feliz por voltar a competir no Brasil. "Nós só temos essa etapa em casa e é um sentimento especial poder competir com apoio da torcida, eles vibram bastante e eu torço muito também para os brasileiros. Pena que só eu consegui vencer, mas certamente teremos muitas alegrias ainda".
Jadson também falou sobre a experiência de estar defendendo o título da etapa brasileira do ASP Tour: "Todo mundo vem falar comigo sobre pressão, essas coisas, mas não sinto nada disso, quero apenas me concentrar bateria por bateria. Foi assim que fiz no ano passado, é assim que sempre faço nos eventos e espero só encontrar boas ondas nas baterias para ir seguindo passo-a-passo, sem projetar nada muito lá na frente. Claro que o principal objetivo é a final, mas para chegar lá eu tenho que passar as baterias".
Outros brasileiros que ficaram bem próximos da classificação direta para a 3ª fase foram o carioca Raoni Monteiro e o paulista Adriano de Souza. O norte-americano Damien Hobgood superou Raoni por 12,00 x 11,10 pontos. Já o Mineirinho quase virou o placar contra Daniel Ross. O australiano surfou um tubo nota 8,0 e Adriano arriscou tudo em sua última onda, com a torcida explodindo na areia. Ele precisava de 8,73 pontos e os juízes deram nota 8,5. O placar entre os dois ficou em 14,90 x 14,67.
Adriano de Souza agora terá um duelo verde-amarelo com o catarinense Ricardo Santos na repescagem, que já foi confirmada para ser realizada na Praia do Arpoador de novo na quarta-feira. A primeira chamada do dia será às 7 horas e a bateria que vai abrir a repescagem será entre o vice-campeão mundial Jordy Smith (AFR) e Peterson Crisanto (PR).
Mais cinco brasileiros enfrentarão surfistas de outros países: Alejo Muniz (SC) x Adam Melling (AUS), Heitor Alves (CE) x Dusty Payne (HAV), Raoni Monteiro (RJ) x Tiago Pires (PRT), Igor Morais (RJ) x Bede Durbidge (AUS) e Simão Romão (RJ) x Michel Bourez (TAH).
PRIMEIRA FASE CLASSIFICATÓRIA - 1.o=Terceira fase / 2.o e 3.o=Repescagem:
1.a: 13.60=Owen Wright (AUS), 7.67=Heitor Alves (BRA), 7.47=Bobby Martinez (EUA)
2.a: 11.84=Adrian Buchan (AUS), 11.24=Kai Otton (AUS), 11.16=Adam Melling (AUS)
3.a: 16.33=Taj Burrow (AUS), 11.17=Ricardo Santos (BRA), 10.60=Alejo Muniz (BRA)
4.a: 15.07=Mick Fanning (AUS), 12.36=Simão Romão (BRA), 11.66=Dusty Payne (HAW)
5.a: 8.13=Patrick Gudauskas (EUA), 8.07=Jordy Smith (AFR), 6.34=Igor Morais (BRA)
6.a: 15.17=Kelly Slater (EUA), 14.37=Julian Wilson (AUS), 3.84=Peterson Crisanto (BRA)
7.a: 14.33=Jadson Andre (BRA), 10.66=Gabe Kling (EUA), 7.90=Bede Durbidge (AUS)
8.a: 13.56=Jeremy Flores (FRA), 10.80=C. J. Hobgood (EUA), 7.43=Josh Kerr (AUS)
9.a: 12.00=Damien Hobgood (EUA), 11.10=Raoni Monteiro (BRA), 10.93=Tiago Pires (PRT)
10: 11.54=Cory Lopez (EUA), 10.00=Chris Davidson (AUS), 8.57=Michel Bourez (TAH)
11: 14.90=Daniel Ross (AUS), 14.67=Adriano de Souza (BRA), 8.96=Kieren Perrow (AUS)
12: 16.08=Taylor Knox (EUA), 14.70=Matt Wilkinson (AUS), 8.34=Joel Parkinson (AUS)