Joana: partilhando com mulheres a paixão pelo bodyboard
A paixão da Joana pelo mar, pela natureza e pelo bodyboard serviu como inspiração para que ela dividisse isso com mais mulheres: ela hoje dá aulas na primeira escola de bodyboard a nível mundial só para mulheres. Vem saber mais!
31/Mar/2021 - Joana Pinto - PortugalNesse mês das mulheres, vamos compartilhar com a nossa comunidade um pouquinho sobre a história de algumas mulheres que inspiram outras a se jogar no mar. Vem saber mais sore a Joana!
- Quem é você?
Sou a Joana Pinto, tenho 20 anos e estudei artes visuais no secundário. Sempre fui muito ligada à natureza, e acredito que seja a forma mais aproximada que tenho de apresentar a minha realidade. Sou treinadora de Bodyboard na Escola Boogie Chicks, a primeira escola a nível mundial só para raparigas.
- Como é a sua relação com o mar hoje? Como começou?
Comecei a praticar bodyboard com cerca de 12/13 anos, na escola onde trabalho atualmente. Bastou fazer uma onda e percebi logo que era ali o meu lugar. Desde então não larguei, comecei a treinar mais e mais e, entretanto, a competir na categoria sub-18 feminino durante os seguintes 4 anos. Chegada à idade adulta a competição começou a não fazer mais sentido por uma série de questões, mas principalmente por sentir que me estava a tirar o gosto em surfar. Mas não queria que o meu caminho nesta modalidade ficasse por aí, sentia que tinha muito para dar ainda, e então surgiu a oportunidade de tirar o Curso de Treinador de Surfing - Grau I, em 2019, na Federação Portuguesa de Surf. Já dava treinos desde os meus 14 anos, de uma forma mais desportiva, mas foi aqui que percebi a minha verdadeira vocação.
É um privilégio poder ensinar aquilo que mais gosto de fazer e ainda partilhar toda a minha paixão pelo mar, numa escola exclusivamente feminina, é gratificante também, não me especificar apenas numa faixa etária, mas sim trabalhar com meninas desde os 4 anos aos 60.
- Qual foi o maior perrengue que você já passou no mar?
Esta pergunta é engraçada, porque apesar de estar bastante à vontade no mar, sou muito medricas. As situações já foram muitas, mas vou contar só uma história. Tinha acabado de dar um treino numa praia diferente porque em Carcavelos estava muito grande para o nível da minha aula, e ao chegar ao estacionamento, a minha amiga desafiou-me para entrar, antes que começasse a despir o fato. O mar estava grande (2 metros), clássico, mas como é comum em Carcavelos com muitos agueiros e correntes. Sem pensar muito, apesar de pouco convencida, entrei com ela. Éramos as únicas mulheres dentro de água nessa surfada. Tudo bem até aqui. Conseguimos entrar sem levar com nenhuma na cabeça, fiz 2/3 ondas e até à hora, apesar de aterrorizada estava feliz por me estar a superar. Até que, começo a ser puxada por um agueiro para uma zona da praia onde nitidamente estava maior. Estava tudo controlado, mas ao mesmo tempo sentia que só queria sair dali e que a qualquer momento poderia aparecer um set e lá ia eu. Ahahahah e não foi que aconteceu? Ainda no agueiro, com um set a vir, eu sem saber o que fazer. Até que apareceu exatamente onde estava uma direita perfeita! Arranquei na onda, e a velocidade foi tanta que me saiu o pé de pato, caí da onda e fiquei jogada no meio dos sets que estavam para vir.
Levei com umas quantas ondas na cabeça, sem pé de pato. Vinha ao de cima desorientada antes que conseguisse ter uma noção já estava a levar com outra... Mal tive oportunidade agarrei na prancha e apanhei uma espuma, e apesar da porrada que tinha acabado de levar, e de ter perdido um pé de pato, saí radiante do mar.
- Qual a sua melhor lembrança dentro de água?
A escola Boogie Chicks, onde trabalho, anualmente organiza um evento dedicado ao Bodyboard feminino. No ano de 2019 tínhamos o grande objetivo de juntar 100 mulheres na água. Foi então, que aconteceu mesmo! Conseguimos unir este número incrível de mulheres numa surfada! É um sentimento de pura felicidade ver que o nosso trabalho e dedicação conseguiu abraçar todos estes corações que partilham o mesmo amor, o mar!
- Quais foram seus maiores aprendizados?
Depender da natureza ensinou-me a respeitá-la, ainda mais! O mar é uma força natural que merece todo o nosso respeito, é saber ser pequena diante a imensidão. De uma forma muito metafórica, toda a minha relação com este meio, ensinou-me que cada dia é um dia e não haverá igual, nunca. Assim como as ondas, o mar. Ou seja, perante qualquer adversidade terei de me saber adaptar. O mar revitaliza e dá-nos certezas que estará lá sempre para nos receber. O maior ensinamento que o mar me deu, foi aprender a ir com o flow, tanto dentro como fora de água.
- Qual o seu próximo desafio? Objetivo?
O meu próximo objetivo passa por evoluir e aperfeiçoar a minha prestação enquanto treinadora e free surfer, passa ainda por fazer a escola Boogie Chicks crescer de dia para dia, podendo reunir e chamar cada vez mais mulheres que partilham este amor pelo mar.
- O que diria para uma mulher que está começando a se conectar com o mar?
O mar é um lugar cheio de tesouros, é onde simultaneamente no meio de uma tempestade se pode encontrar paz. É um modo de terapia e um regalo à alma, pela paciência que naturalmente nos ensina a ter. É onde por outros corpos se unifica uma paixão e se encontra harmonia. O mar é o amigo mais verdadeiro que podemos ter, estará sempre lá. É onde no presente, encontro a minha essência.