Kelly Slater associa morte de Ricardinho a 'falta de educação e pobreza'
"Falta de educação, pobreza e drogas não são uma boa mistura e tornam a vida um desafio neste país, um dos mais belos lugares que já visitei", escreveu Slater no Instagram.
21/Jan/2015 - BBC Brasil - Hawaii - Estados UnidosA morte de Ricardo dos Santos, de 24 anos, gerou uma onda enorme de condolências na comunidade internacional do surfe. Ricardinho, como o surfista é conhecido, não resistiu aos ferimentos causados por três tiros disparados por um policial em frente à casa de sua família, em Guarda do Embaú (SC), e morreu nesta terça-feira.
Pelas redes sociais, atletas de todo o mundo lamentaram a morte precoce do brasileiro. Principal astro do surfe mundial, maior campeão de todos os tempos no esporte e uma espécie de "Pelé do surfe", o norte-americano Kelly Slater chamou atenção para a violência no Brasil em publicação no Instagram.
"Infelizmente, o que aconteceu traz à tona o número anual de assassinatos no Brasil, que ultrapassa 50.000 oficializados, além de muitos outros que não são declarados. Falta de educação, pobreza e drogas não são uma boa mistura e tornam a vida um desafio neste país, um dos mais belos lugares que já visitei", escreveu Slater, que se referiu a Ricardinho como um "amigo com quem aprendeu muito".
O catarinense foi atingido por três tiros no abdômen e no tórax após uma discussão com um policial, que teria estacionado um carro em frente à casa e se recusado a retirá-lo.
Preso em flagrante por tentativa de homicídio, o PM Luiz Brentano, que estava de folga, disse à polícia civil que disparou em legítima defesa após ser ameaçado. O caso ainda está sendo investigado.
Medina
Gabriel Medina, atual campeão mundial de surfe, também se pronunciou em seus perfis no Facebook e no Instagram.
"Ricardinho, você não merecia isso! Não mesmo, nunca! Por que isso acontece com gente do bem?", lamentou o colega em mensagem acompanhada por uma imagem preta, em sinal de luto.
Ex-campeão europeu de surfe, o alemão Marlon Lipke se referiu a Ricardinho como "uma lenda".
"É uma notícia realmente triste e não consigo acreditar no que aconteceu. Ricardo foi baleado três vezes e não sobreviveu. Ele era uma lenda e uma boa pessoa. Dia triste, meus sentimentos para seus amigos e familiares", escreveu Lipke em seu perfil no Facebook.
Bicampeão do aberto de surfe dos Estados Unidos, o californiano Brett Simpson qualificou o episódio como "trágico".
"Meu coração vai para @RicardoSantos90, sua família e amigos. Um evento tráfico para alguém tão jovem e com um coração tão grande", escreveu no Twitter.
Travis Logie, surfista sul-africano aposentado, e o havaiano Jamie O'Brien - que chegou a dar um soco em Ricardinho após uma discussão no campeonato mundial do ano passado -, também mandaram notas de pesar.
O surfista portorriquenho Brian Toth mandou suas condolências pelo Twitter. "Um irmão de outro país. Que descanse em paz, irmão! Você nunca será esquecido", escreveu, via Twitter.
"Muito triste ver esse grande homem ir embora. Tão cedo e tão jovem. Descanse em paz, Ricardo. Você fez coisas fantásticas", lamentou o profissional sul-africano Damien Fahrenfort.
"Aproveite os 'tubos' aí em cima. Orações para a família dos Santos", postou o norte-americano Ben Bourgeois.
Leia a tradução livre do texto completo publicado por Kelly Slater:
"Manhã bonita, mas fiquei horrorizado quando percebi que todo mundo estava remando em Pipeline para formar um círculo em homenagem ao meu amigo Ricardo dos Santos, que morreu no hospital após ser baleado três vezes no Brasil. Ricardo dos Santos foi realmente um dos maiores surfistas de tubos em sua curta vida (eu e outras pessoas aprendemos quando ele venceu um evento em Teahupoo há alguns anos). Ele também ganhou o torneio Onda do Inverno em 2012 e 2013, com um tubo alucinante em Pipeline e se destacou nos principais tubos e mares agitados do mundo. Foi uma perda sem sentido. Infelizmente, o que aconteceu traz à tona o número anual de assassinatos no Brasil, que ultrapassa 50.000 oficializados, além de muitos outros que não são declarados. Falta de educação, pobreza e drogas não são uma boa mistura e tornam a vida um desafio neste país, um dos mais belos lugares que já visitei. Minhas condolências à família e aos amigos de Ricardo ao redor do mundo. Nossa pequena comunidade perdeu mais uma pessoa muito cedo."