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Lucas Silveira - Hawaii 2013

Com pouco mais de um mês no Hawaii, o surfista Lucas Silveira acumulou muitas experiências e bagagem no surf. Mesmo com pouca idade, 17 anos, Lucas já é um veterano nas ondas havaianas

20/Fev/2013 - Viviane Freitas - Hawaii - Estados Unidos

Durante os meses de janeiro e fevereiro, a natureza fez a sua parte e o presenteou o surfista com todos os tipos de ondas. Mas foi em Pipeline, no North Shore de Oahu que Lucas fez a mala.

“O mar estava muito bom. Surfei mais em Pipeline, pois as ondas estavam muito fortes, bem tubulares e perigosas. Houve um dia memorável, que estava muito grande e a série varria todo o crowd. Tomei muitas ondas na cabeça, mas consegui pegar várias. Foi uma experiência muito boa, me senti bem preparado para tomar os caldos”, contou Lucas.

Desrespeito havaiano

Com foco nas etapas de classificação para o Circuito Mundial, Lucas assumiu a 195ª posição no ranking da ASP, conquistada no Islas Canarias Santa Pro, nas Ilhas Canárias. O que lhe garantiria vaga em qualquer uma competição seis estrelas, da fase classificatória. Ainda no final de 2012 aconteceram dois eventos Prime no Hawaii, em Haleiwa e Sunset Beach.

Contrariando o bom senso, surfistas havaianos foram contemplados com diversas vagas, sem nenhum respeito aos atletas competidores, permitindo-lhes embolsar posições no ranking mundial. Por conta desta vantagem, Lucas caiu de 195 para a 209, sem ao menos ter o direito de defender ou ganhar posições.

Em outro momento, o surfista que se preparou para participar da etapa cinco estrelas de Pipeline, se deparou com mais uma injustiça e falta de respeito: 38 surfistas já estavam escalados para competir, independente da classificação no ranking da ASP.

Em nenhum outro lugar do mundo, surfistas locais são privilegiados com vantagens impostas em livros de regras. No caso do Hawaii, por determinação de uma lei municipal, a ASP deve disponibilizar 33% das vagas nas competições. Não seria um problema, se estes eventos não valessem pontos decisivos. O que se torna injusto com competidores de outras nacionalidades, já que se trata de um ranking mundial.

“Eu particularmente não concordo com a ASP em aceitar essa imposição, assim como não concordo com outros fatores dentro do esporte, mas são regras vigentes e temos que acatá-las”, comentou O Tour Manager da ASP, Renato Hickel.

Lucas se manteve como o primeiro alternate no Volcom Pipe Pro. Durante uma bateria do primeiro round um competidor havaiano compareceu para retirar sua Lycra após 10 minutos de início, e pela regra a vaga teria que ser passada para o primeiro alternate, cinco minutos antes de começar a bateria.

Neste mesmo evento, de acordo com o representante da ASP South America Roberto Perdigão, o surfista Landon McNamara – que estava confirmado no round 122 – optou por não comparecer à sua bateria por motivo de saúde, e foi imediatamente substituído.

Como em toda regra há exceções, neste caso também não poderia ser diferente. Mas Landon retornou ao evento no dia seguinte e convenceu o Tour Manager da ASP Hawaii Marty Thomas, a posicioná-lo no topo da lista de alternates. Posição que já estaria o atleta brasileiro Lucas Silveira.

“Após um comunicado do Paulo “Kid” Mendes ao Al Hunt (gerente geral da ASP), a situação foi esclarecida e o Tour Manager regional da ASP Hawaii, foi advertido pelo seu procedimento equivocado ao colocar o surfista havaiano numa posição indevida. O que eventualmente poderia ter prejudicado claramente o surfista Lucas Silveira, mas felizmente nenhum problema mais grave acabou ocorrendo efetivamente”, disse Perdigão, referindo-se a este caso.

Inconveniências que se contradizem com o espírito competitivo e com a credibilidade da organização esportiva. A prioridade não são as regras estabelecidas por ditadores, mas sim às dificuldades e o esforço de atletas profissionais, que buscam seus espaços baseados em uma disputa limpa. Os resultados devem ser alcançados na água, de igual para igual e com respeitos às normas.

Mas o ano está apenas começando para Lucas Silveira. Até o final deste mês, ele passa por Porto Rico (Caribe) e New Castle, na Austrália. “Estou satisfeito com o meu desempenho, acho que evoluí bastante em todos os tipos de ondas: nas grandes, nos tubos e nas manobras. Quando você supera os seus limites, é ainda mais inesquecível”, finalizou o surfista.