Medina e Pupo explicam boa fase do surfe brasileiro: "Amador muito forte"
País conta com sete surfistas na elite mundial. Outros cinco estão no grupo que garante acesso para 2015. Maioria dos competidores tem menos de 23 anos.
04/Nov/2014 - Globo Esporte - São Paulo - BrasilGabriel Medina, Miguel Pupo e Filipe Toledo. Três surfistas que cresceram juntos, competem entre si desde a infância e não suportam ser derrotados um pelos outros. Hoje, todos estão no Circuito Mundial de Surfe (WCT). Além disso, Medina pode ser o responsável pelo primeiro título mundial brasileiro.
O Brasil tem sete surfistas na elite, e outros cinco estão no grupo de acesso para integrá-la em 2015. A boa fase do surfe nacional é chamada no exterior de "Brazilian Storm", a tempestade brasileira. Para os três amigos, o motivo deste crescimento é o forte campeonato amador, principalmente no estado de São Paulo.
O litoral norte de São Paulo, que recebe a etapa prime do WQS (Qualificatória para a elite), é um destes lugares de tradicionais competições amadoras. Medina, de 20 anos, e Miguel Pupo, de 22, são de São Sebastião; Filipe Toledo, de 19, é de Ubatuba, que fica menos de 100 quilômetros distante. Se agora competem por cifras milionárias, eles começaram a disputar torneios apenas para "rabear" os amigos.
- Um foi puxando o outro. Estou aqui porque eu competi contra o Miguel Pupo, contra o Filipinho, contra o Jessé (Mendes). O ritmo foi sempre de baterias apertadas, viradas na última onda. Virou rotina. Por isso, chegamos aonde chegamos, com muita vontade, bons resultados. O que a gente passou na infância foi muito importante - disse Gabriel Medina em coletiva de imprensa após o primeiro dia da etapa prime de Maresias do WQS.
Filipinho está em 16º lugar no ranking mundial. Miguel Pupo está uma posição à sua frente. O sebastianense relembra que enfrentava gente de todas as partes do Brasil nos amadores. Isso aumentou o nível da sua geração.
- Todo o sucesso dessa nova geração é devido ao circuito amador. Quando a gente era pequeno, era muito disputado, vinha gente do Brasil inteiro, e todo campeonato era um show. Todo mundo queria ganhar. O circuito paulista amador virou praticamente um brasileiro amador. Tínhamos que nos destacar. A gente não apareceu à toa. A gente foi crescendo aos poucos, todos juntos - disse Miguel Pupo.
Para Medina, embora apenas ele brigue pelo título mundial, em breve outros brasileiros campeões devem aparecer. O líder do ranking afirma que este é o melhor ano do Brasil no surfe. A torcida dele é para outros compatriotas brigando pela ponta em 2015.
- A gente tem um time muito forte. Não sou só eu. Quem assiste tem visto o Mineiro (8º do ranking), tem visto o Jadson (André - 20º no ranking) nas últimas etapas. O Filipinho, o Miguel. É o melhor ano do Brasil, não só para mim. Acho que a cada ano, estamos mais fortes. Antes, era só o Mineiro. Agora todo mundo está subindo. Principalmente com os caras novas que estão entrando. É uma evolução. Conforme os anos passam, vamos tendo maiores chances de título - disse o líder do ranking mundial.
Medina está em Maresias para a etapa prime do WQS por dois motivos: quer ganhar um torneio na praia onde cresceu e aprendeu a surfar; e também para treinar para a etapa do Havaí do WCT, em dezembro. O brasileiro ainda é ameaçado por Mick Fanning e Kelly Slater na disputa pelo caneco. Na primeira fase, Medina e Pupo se classificaram sem sustos. Filipinho entrará na água na última bateria da etapa, prevista para o fim desta terça-feira.
O QUE MEDINA PRECISA PARA SER CAMPEÃO MUNDIAL
- Se Medina perder na segunda (25º) ou na terceira fase (13º) em Pipeline, precisa torcer para Slater não vencer a etapa, e Fanning não chegar às semifinais. Caso Fanning pare nas quartas, os dois farão uma bateria homem a homem para decidir o caneco.
- Se perder na quinta fase (9º), tem que torcer para Mick não chegar à final.
- Se perder nas quartas (5º) ou nas semis (3º), tem que torcer para Mick não vencer a etapa.
- Se chegar à final, conquista o título, independentemente do resultado de Mick.