Ondas na Base Militar
Depois de 11 dias na região de Lobitos, já estamos nos acostumando com o dia-a-dia da costa peruana e traçando os planos de como será as próximas explorações. Ontem chegaram na base do Smolder na Estrada os gaúchos Carlo Figurelli e Marcelo Marisquirena,
21/Mai/2014 - Célio Beleza - Piura - PeruHoje acordamos mais cedo, 05:30 e começamos a dirigir pela antiga estrada Panamericana em direção ao extremo norte do Peru. Lá encontramos somente acesso por dentro da área militar, fazendo com que tenhamos que parar e se identificar nas guaritas. Ainda bem que levamos os documentos, principalmente o passaporte, pois sem eles ficaríamos sem velejo ou surf. Diferente do resto mundo, temos que levar as pranchas e equipamentos bem à vista. Carros dos praticantes de esportes com prancha não são revistados. Isso porque os militares temem qualquer tipo de sabotagem ou roubo de equipamentos. Passando essas guaritas foram uns 40 quilômetros até El Ñuro, num deserto nada convidativo, portanto, temos que ir com algum local que conheça bem o caminho.
Las Olas
As ondas dessa região variam de 2 a 8 pés, recebendo as melhores ondulações de sul e sudoeste, que quebram com maior frequência entre maio e outubro. Na maré baixa e com um swell de 2 metros, é possível deslizar em ondas de até 300 metros de extensão, executando várias manobras. Dependendo da sua habilidade em fazer amizade e interagir com os locais, você ainda pode acabar conhecendo outros secrets da região onde rolam altas ondas! O vento é predominantemente terral/lateal, com leves variações, e em alguns pontos da praia bastante rajado, principalmente próximo as montanhas. Conversando com os locais, soubemos que venta praticamente o ano todo, porém a alta temporada está nos meses de maio à julho, ficando diariamente entre 25 e 30 knots. É um verdadeiro oásis no deserto. As ondas perfeitas contrastam com o plano de fundo desértico e montanhoso.
“Descobrimos uma onda proibida, dentro de uma antiga base militar, que cenário de filme!” - Anderson comenta.
Lembro de chegar ao fim de uma onda com as pernas super cansadas e olhar tudo que eu teria que voltar remando. Sorte que a adrenalina se encarrega de liberar uma energia extra para a próxima onda.
Seguindo nosso roteiro de passar pela maior quantidade de praias possíveis, paramos em quase todas até chegar em uma ponta, onde fizemos o último velejo do dia, mas o melhor ainda estava por vir.
Atolladero en el Desierto
Quando retornávamos pelo meio do deserto, depois de quase uma hora sem avistar uma alma, recebemos a confirmação pelo rádio que estávamos no caminho certo, o que não sabíamos é que esse era um caminho alternativo, que daria para ter sido feito tudo pela antiga estrada Panamericana, evitando esse trecho “tenso” que garantiu a nossa primeira atolada seria. Bateu um desespero, mais nessas horas o negócio é respirar bem fundo, rezar um pouco e fazer as coisas com calma, sem pressa, sem stress – já tá atolado mesmo, vai com calma que resolve!!
Não tenho dúvidas que faz muitos dias que nenhum carro cruzava aquela estrada, vegetação seca do deserto tomava conta de tudo, areia por todos os lados, talvez o sonho de qualquer off-road… lembre-se que nós tínhamos zero experiência com esse tipo de terreno, mas… vamos aos fatos! Tentamos de todos os jeitos, para frente para trás, empurrando, até saímos do lugar, mas a areia estava tão mole que o peso do carro ia devagar nos jogando morro abaixo… Hora de testar o guincho elétrico do carro! Por sorte nesse momento cruzou um caminhão que tinha ido tirar outra caminhonete que estava atolada mais na frente. Ele falou que esse trecho está horrível mesmo e que ele já estava acostumado em usar o guincho ali… não preciso nem dizer que na hora que mais precisamos do guincho ele estava empancando, por sorte tínhamos esse amigo ali que em 30 minutos nos tirou dessa, uffaa, vai dar certo!!
Depois de um dia cheio de eletrizantes aventuras dentro e fora d’água estávamos exaustos, mas felizes, com um sentimento de missão cumprida. O esplendor do Pôr do Sol voltando por cima das dunas foi à recompensa para todos nós.
“Que pôr do sol magnífico meu DEUS, estou no paraíso, relata Anderson dos Santos.”
Como as previsões indicam que o mar voltará a ficar grande e o vento intenso, a equipe que integra o Smolder na Estrada vai descansar hoje e a partir de amanhã a ação vai começar cedo nas boas ondulações que chegam ao extremo norte peruano.
ALOHA