Poluição na Barra faz organização estudar Grumari para etapa de 2016

Sucesso de público, a etapa brasileira do Circuito Mundial de Surfe (WSL) pode deixar a região do Postinho, na Barra da Tijuca, e migrar para Grumari, também na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Antes reticentes, os organizadores da perna tupiniquim cederam aos seguidos questionamentos dos surfistas quanto à qualidade da água do local. No evento de maio deste ano, competidores como o brasileiro Filipe Toledo, campeão da etapa, e Kelly Slater, 11 vezes campeão do mundo, sentiram-se mal após competir no Postinho e reclamaram publicamente. A região, inclusive, já esteve imprópria para banho em alguns momentos como mostram relatórios do Instituto Estadual do Ambiente (Inea-RJ) de maio de 2015.

- Estamos avaliando esta possibilidade de opção em função dos questionamentos ocorridos no evento deste ano sobre a qualidade da água do Postinho, pós chuva forte e quando a maré seca muito e o canal do quebra-mar avança com força total ao mar levando aquela água de coloração diferente - explica Xandi Fontes, um dos organizadores da etapa brasileira.

A qualidade da água no Rio de Janeiro não traz problemas apenas para o surfe. O dilema também respinga nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016. Diversas provas, como a vela, remo e maratona aquática, que serão disputadas na Baía de Guanabara, Lagoa Rodrigo de Freitas e na praia de Copacabana também já foram alvos de reclamações de diversos comitês olímpicos. A agência de notícias "AP", inclusive, publicou matéria dizendo que os atletas que competirem nestes locais estariam sujeitos a contaminações.

BIÓLOGO ALERTOU SOFRE SITUAÇÃO NO POSTINHO

Dias antes do início da etapa no Postinho, biólogos alertavam para o risco de contaminação por conta do esgoto que escorre de toda a bacia de Jacarepaguá através do quebra-mar.  Quando a maré está baixa e o vento em direção leste, todo o esgoto não tratado é lançado em direção ao local das baterias de surfe. No período de sizígia (quando preamar e baixa maré têm uma grande diferença em relação ao nível das águas) a situação piora. Neste ano, o brasileiro Adriano de Souza, o Mineirinho, também reclamou da poluição.

Para viabilizar a mudança para Grumari, região com proteção ambiental e dentro de um parque ecológico, os organizadores brasileiros já iniciaram todos os estudos de viabilidade e adaptação. O sonho de consumo era a Prainha, próximo de Grumari, mas a parte logística e até o espaço físico impossibilitam. Vale lembrar que o fato de Grumari ser um Parque Municipal não inviabiliza a etapa, já que etapas como Trestles, na Califórnia, acontecem em palcos deste tipo. De acordo com Xandi Fontes, um dos organizadores da etapa brasileira do Mundial, até o fim do ano deve haver uma posição final sobre a mudança. As conversas com os órgãos públicos, contudo, já começaram. O GloboEsporte.com entrou em contato com a Companhia Estadual de Águas e Esgoto (Cedae), mas ainda não teve retorno. 

- Os estudos que estamos fazendo é para verificar a viabilidade e consequentemente adaptar o evento com um bom plano de manejo para que o mesmo possa acontecer em Grumari, dentro de um Parque Municipal de uma forma positiva e sem causar maiores impactos. Próximo do final do ano, se tudo der certo, teremos esta decisão alinhada com a comunidade local e órgãos públicos. Vamos ver - finalizou o organizador.

Vale lembrar que a praia de São Conrado, também muito elogiada pelos surfistas, já havia perdido o posto de ponto alternativo do Mundial (usado quando o ponto principal não apresenta ondulação satisfatória, por conta da poluição e só deve voltar a figurar como ponto principal ou de apoio quando as obras do esgoto da região, o "Sena Limpa São Conrado" forem concluídas. Surfistas como  o brasileiro Pedro Scooby, por sinal, chegaram a desistir de surfar no local por conta do esgoto que desagua ali.

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