Projeto prevê recifes artificiais nas praias para prática do surf

Engenheiros apresentaram o plano para o prefeito de Maricá, Washington Quaquá. Segundo técnicos, a cidade não possui pontos adequados para a prática do esporte

16/Out/2013 - O FLUMINENSE - Maricá - Rio de Janeiro - Brasil

Apresentado ao prefeito Washington Quaquá, na manhã de ontem, na Casa Darcy Ribeiro, em Cordeirinho, um projeto de construção de recifes artificiais promete revolucionar a prática do surf no litoral de Maricá. Embora tenha 46 quilômetros de praias, a cidade, segundo os técnicos, não possui pontos adequados para a prática do esporte e para a disputa de campeonatos na mesma proporção dessa extensão. A criação dos recifes é uma proposta nascida dentro da Coordenação de Projetos de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ), com os engenheiros, e ambos surfistas, Luiz Guilherme de Aguiar e Maurício de Andrade. O primeiro é doutor em Engenharia Oceânica na Universidade de Lisboa, e o segundo dirige a empresa Arrecifes Artificiais Multifuncionais (Aram), nascida da incubadora da própria universidade.

O modelo criado pela Aram usa uma plataforma de aço submersa e já recebeu a aprovação dos órgãos de licenciamento ambiental do estado, e do prefeito do Rio Eduardo Paes, para a instalação da primeira na praia de Ipanema, na Zona Sul do Rio. 

Para Maricá, o plano é elaborar os estudos científicos que determinarão quais são os melhores pontos para a instalação das plataformas, dependendo de critérios como profundidade e energia das ondas. 

“Trata-se de um equipamento móvel, que não é percebido da superfície, que pode ser removido e reinstalado e que não só dissipa essa energia, reduzindo o risco de erosão, como torna uma faixa de 150 metros de areia mais balneável”, explicou Luiz Guilherme.

O projeto da plataforma é específico para cada local e a construção, bastante simples. “O prazo de construção e instalação pode girar de seis a oito meses”, afirmou Maurício. Segundo ele, as plataformas são como chapas de aço, dotadas de flutuadores que, ao serem estacionadas sobre o local definido, são alagados. As peças então afundam e ficam ancoradas com o próprio peso no fundo. O tipo da onda e sua exigência técnica podem ser definidos na construção, de acordo com a inclinação da rampa que a onda precisa percorrer até quebrar. Tal arrebentação artificial gera tubos perfeitos, de acordo com um tamanho pré-definido, para os dois lados da placa. 

“São duas raias de surf ao mesmo tempo”, explica Luiz Guilherme, lembrando que o projeto de Ipanema prevê ondas no Posto 10 similares às de Pipeline, no Havaí, consideradas entre as mais perfeitas do mundo. Ali, o equipamento tem 64 metros de frente, 84 metros de lateral e uma inclinação de rampa de aproximadamente 15 graus.

O prefeito aprovou o projeto e deu o sinal verde para o início dos estudos técnicos. “Trata-se de uma tecnologia nacional, limpa e inovadora. Quero instalar dez plataformas dessas até o fim do mandato, com diferentes níveis de exigência, para que a prática do esporte traga benefícios sociais e econômicos para a cidade”, afirmou o prefeito. Segundo o engenheiro Maurício Andrade, o turismo do surf no mundo é uma indústria muito forte. “Ela movimenta em torno de US$ 7 bilhões por ano em todo o mundo”, afirmou ele.