Ricardinho segue internado na UTI de São José em coma induzido
Ricardo dos Santos foi atingido por 3 tiros na manhã de segunda-feira (19). Policial militar suspeito de ter feito os disparos está preso em Florianópolis.
20/Jan/2015 - G1 SC - Florianópolis - Santa Catarina - BrasilO surfista Ricardo dos Santos, conhecido como Ricardinho, segue internado em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Hospital Regional de São José, na Grande Florianópolis, no início da manhã desta terça-feira (20). De acordo com nota em sua página oficial em rede social, ele está em coma induzido. O atleta levou três tiros na segunda (19) após uma discussão com dois homens que estariam usando drogas. O policial militar suspeito de ter efetuado os disparos continua preso em quartel da corporação em Florianópolis.
O atleta, especialista em ondas pesadas e tubulares e reconhecido internacionalmente por diversos títulos, foi baleado na manhã de segunda-feira na praia do Guarda do Embaú, em Palhoça. Conforme depoimento de testemunhas à Polícia Militar, Ricardinho pediu para que dois homens que estariam consumindo drogas saíssem da frente da sua casa. Houve discussão e ele foi atingido por três tiros entre o tórax e o abdômen. Os familiares do esportista dizem que um dos homens teria estacionado o carro sobre um cano que faz parte de uma obra realizada na casa de Ricardo, o que teria motivado o fato.
De acordo com a assessoria da Billabong, que patrocina o atleta, Ricardinho vai ficar em observação por 48 horas na UTI, após a cirurgia feita na segunda, quando ele recebeu 24 litros de sangue, um total de 48 bolsas. As balas ainda não foram retiradas. O próximo boletim médico sobre o estado de saúde de Ricardinho só vai sair às 14h.
Além do policial militar, o irmão dele, menor de idade, foi apreendido. O agente público estava de férias, segundo a PM informou em nota. Conforme o texto, ele responderá inquérito administrativo, além do que foi instaurado pela Polícia Civil. O soldado, que está na corporação desde julho de 2008, pertence ao 8º Batalhão de Joinville, no Norte do estado.
Duas versões
O policial afirmou em depoimento que atirou para se defender. "Ele alegou legítima defesa. Disse que a vítima teria tentado agredir e que ele teve que se defender", detalhou o delegado Marcelo Arruda, responsável pelo caso. O policial manteve a versão apresentada também pelo irmão, um menor que estava junto com ele no momento da discussão.
A Polícia Civil também coletou depoimentos do avô e de um tio do surfista Ricardo dos Santos e de dois policiais militares que atenderam a ocorrência. "São duas versões conflitantes. Uma parte alega que agiu em legítima defesa, que teria sido ameaçada antes, e a outra parte fala que não, que foram feitos os disparos injustificados, que não houve nenhum tipo de agressão anterior que motivassem esses disparos", afirma Marcelo Arruda.
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Segundo o delegado, o irmão do policial foi liberado após o depoimento. "Ele não teve envolvimento e foi ouvido como testemunha. Ele alega que a vítima foi para cima deles com um facão e ele só reagiu em legítima defesa", detalha o delegado. No entanto, segundo Arruda, os policiais militares que atenderam a ocorrência não apreenderam nenhum facão no local dos disparos. Já a arma do policial, assim como o veículo dele, foi encaminhada para o Instituto Geral de Perícias.
"Com certeza vamos fazer reconstituição para ficar melhor esclarecido. Não vai demorar, porque como se trata de pessoa presa, o prazo é bem exíguo", explica o delegado Arruda. "Não tem mais ninguém para ser ouvido. Agora temos que aguardar os laudos e a evolução do quadro hospitalar da vítima, para ver se também poderá ser ouvida", detalha. Ele acredita que o inquérito seja concluído em 10 dias.