Ruclécio Lucena entrevista Dave Macaulay
Para quem desconhece, Dave Macaulay era competidor do Word tour nos anos 80, entre outras dignas atribuições, ele ficou bem conhecido para nós brasileiro com uma vitoria na etapa do mundial no Brasil.
09/Jun/2015 - Ruclécio Lucena - Austrália Ocidental - Austrália
Hoje ainda com um surf de ponta, Dave vive em Grace Town, Margaret River com sua família, Dave é shaper de pranchas de surf, e eu tive o privilégio e a honra de conhece-lo, não só pelo seu histórico como surfista profissional, mas também pelas suas virtudes como a pessoa que é, constatando sua simplicidade, respeito, educação e gentileza tanto dentro como fora do mar.
Em quatro ocasiões distintas, nos surf points de Big Rocks e em Lefth Hand, nestas oportunidades vi Dave Macaulay com um surf forte, explosivo, rápido e solto, jogando muita água nos momentos mais críticos das ondas, em uma onda sem força num beach break é fácil fazer isto, mas aqui nestes points que mencionei é um divisor de águas, pois o lip das ondas é grosso e forte, como se não bastasse, as bancadas de pedras ou corais são super rasas e pontiagudas!
Macaulay é casado com Lorraine e pai das gêmeas Ellie e Laura com 23 anos, de Bronte, 21 anos e Jack, 18 anos, todos que conheci com a mesma simpatia do pai, acredito que veremos em breve estes nomes na ponta do Word Tour no feminino e no masculino.
Toda vez que encontrava Dave ele falava “how is it going Ruclécio”, procurei saber o que significava, e é o que pensava, então comecei a entrevista com o que sempre escuto dele e de outros australianos, o mais interessante é que após dois dias nos tratando pelo primeiro nome, perguntei seu sobrenome no terceiro dia, quando respondeu fiquei feliz por ele ser quem é, e ser tão humilde, pois quando fui competidor até torcer o joelho quatro vezes me espelhei no surf de Dave para evoluir, uma bela coincidência para mim.
1- Você tem algum segredo ou preparação para estar em tão boa forma, do tipo alimentar, físico?
DM- eu tenho sorte, pois tenho quatro filhos e todos surfam, sempre os levo para surfar e aproveito para surfar, eu moro em uma linda cidade e tem muita frequência de ondas, então surfo quase todos os dias, tenho surfado com frequência a muitos anos, por meus filhos gostarem de competir me sinto estimulado a tentar acompanhar o ritmo deles.
2- Suas pranchas na água têm um excelente desempenho, elas não perdem velocidade entre as manobras, a que você atribui o desempenho dos seus equipamentos?
DM- eu tento fazer meu equipamento o mais contemporâneo possível, procuro assistir as competições, e observar o que os atletas estão usando, procuro usar nas minhas pranchas o que tem de melhor nas pranchas dos profissionais, há uma grande semelhança no equipamento que faço com o equipamento dos competidores na atualidade, uso single concave em meus modelos que permite a prancha ser rápida e solta, eu tento fazer o que os top profissionais estão usando, tento fazer o meu melhor.
3- Quantos anos de shaper você tem, e que tipo de trabalho desenvolve, shaper computadorizado ou manual, e por quê?
DM- comecei a fazer shaper em 1983, há muito tempo, fiz shaper por dois ou três anos, e fui competir o Word Tour por dez anos, fiz shaper apenas no início e parei por sete anos, e reiniciei no shaper em 1995 e não parei desde então, um longo tempo fazendo shapers, quando comecei a fazer shaper só havia uma forma que era a manual, com muitos modelos, agora com o computador posso fazer em um modelo com vários ajustes, tornando este modelo mais fácil de adequar a vários clientes, quando tenho um modelo muito bom procuro repetí-lo com pequenos ajustes, acredito que é mais preciso cientificamente com poucas margens de erro.
4- Na sua visão, na área de pranchas de surf, o que deveria mudar em um futuro bem próximo?DM- Esta é uma pergunta muito boa, porque pranchas de poliuretano com resina poliester são antigas e estão no mercado a mais de cinquenta anos, pranchas de epóxi estão se tornando mais popular, crescendo gradualmente, procuro acompanhar o que os profissionais estão usando na atualidade, Kelly está usando muito pranchas de epóxi mas ainda não as usa todo o tempo, o que os profissionais estão usando é o que acredito que devemos seguir, hoje a resina de poliéster ainda é mais popular, e os profissionais usam o epóxi em certos tipos de onda, eu acredito que o que os profissionais estão usando deverá ser a tendência do mercado, o poliuretano esta no mercado há muito tempo e o material trabalha muito bem com ondas boas, é difícil dizer o que vai acontecer, os modelos são poucos redefinidos, com pequenas mudanças.
5- Você utiliza pressão de cada surfista para cada prancha personalizando cada designe, ou o conceito da prancha mágica de forma universal?
DM- Além dos clientes, meus filhos usam minhas pranchas e membros da minha equipe, procuro analisar o estilo, peso com litragens, etc, são muito importantes assim como as técnicas de cada um, procuro compreender o que funciona melhor para cada um, procuro personalizar cada prancha, procuro também saber onde vão surfar, se na cidade, aqui, na Indonésia ou em outros lugares. O peso com a habilidade entre outros juntos, tento fazer o melhor produto para cada um.
6- Fale-nos um pouco sobre Dave.
DM- Eu me sinto muito feliz por viver em um lugar muito bonito, que tem muitas ondas e é muito consistente, a água é muito limpa, não é muito frio nem muito quente, tenho muita sorte de ter um bom casamento, me sinto abençoado por ter uma excelente vida, por ter tido uma carreira profissional no surf, meus filhos e minha filha competem, isto me motiva e me envolve ainda mais no surf, tenho muita sorte de poder surfar quase todos os dias, muita sorte.
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