Santa Catarina pode ficar de fora do Circuito Mundial em 2012
A Federação Catarinense trabalha para sensibilizar o Governo do Estado para que seja confirmada a reedição da etapa do ASP Prime de Imbituba
10/Jul/2012 - João Carvalho - Imbituba - Santa Catarina - BrasilA Federação Catarinense de Surf ainda tenta confirmar a reedição da etapa do ASP Prime em Imbituba, para impedir que Santa Catarina fique de fora do calendário do Circuito Mundial de Surf Profissional neste ano. O estado é parte importante da história do esporte, principalmente pelos grandes campeonatos já realizados em praias catarinenses desde 1982. Atualmente, Santa Catarina é o estado que mais sediou etapas do WQS no Brasil, desde a criação do circuito classificatório para o grupo de elite do surfe mundial em 1992. Das 90 já disputadas no país, 31 aconteceram no estado e a última delas foi a etapa do ASP Prime em Imbituba no ano passado, que foi um sucesso de público e de ondas na Praia da Vila.
"Estamos com a verba da Prefeitura de Imbituba confirmada, temos uma marca de surfwear também garantida, temos tudo, menos o apoio do Governo do Estado que falta para viabilizar o evento", disse Fred Leite, presidente da Federação Catarinense de Surf. "Ainda estamos trabalhando para sensibilizar o Governo do Estado para o esporte que sempre trouxe tantas alegrias e divulgou de forma positiva nosso estado para o mundo todo. Estamos tristes com esta situação, pois pela primeira vez em 20 anos poderemos não ter nenhuma etapa do Circuito Mundial aqui no Estado, caso não consigamos concretizar o Prime em Imbituba".
A história do estado no esporte das ondas começou pela Praia da Joaquina, em Florianópolis, que é um dos principais palcos de campeonatos no país. Foi lá que em 1986 o Hang Loose Pro Contest trouxe o Circuito Mundial de volta para o Brasil e no mesmo ano foi fundada a Associação Brasileira de Surf Profissional (ABRASP), durante os saudosos Op Pro que também sempre lotavam a Ilha de Santa Catarina. A "Joaca" esteve no calendário principal do ASP World Tour de 1986 até 1989 e de 2003 a 2005, nos primeiros anos da etapa brasileira do WCT com a organização da dupla Teco Padaratz e Xandi Fontes, contando com total apoio do Governo do Estado de Santa Catarina mesmo quando mudou para Imbituba, de 2006 a 2010.
CAPITAL DO SURFE - Pelo WQS, Florianópolis é a cidade do Brasil onde tiveram mais etapas desde 1992. Foram onze só na Praia da Joaquina, que é seguida de perto pela vizinha Praia Mole com dez provas e três na Praia do Santinho. Os números da Joaquina e da Mole só são superados pelas quinze etapas realizadas na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro (RJ), e pelas quatorze na Cacimba do Padre, em Fernando de Noronha (PE). No entanto, a capital catarinense já não recebeu nenhum evento no ano passado e também está fora do calendário 2012.
"Acredito que este é o momento mais delicado que estamos vivendo", disse Bira Schauffert, que trabalha com o esporte desde o Hang Loose de 1986 e como organizador de eventos na capital desde 1992. "Acho que, em relação à Santa Catarina, os governantes deveriam analisar o passado recente, de quanto o surfe divulgou o estado a nível nacional e internacional, pois nosso estado ficou conhecido no mundo inteiro pelos campeonatos de surfe".
Bira também alertou sobre uma melhor aplicação das verbas públicas no estado: "Nunca ouvi falar que pessoas vêm para cá para andar de kart, por exemplo. Foram os eventos de surfe que projetaram o estado e as pessoas vêm pra cá para surfar, conhecer as praias, não para andar de kart. O Governo atualmente destina milhões para um único evento de kart, que dariam para fazer dois ou três campeonatos de surfe de grande porte. O Governo precisa rever essa posição".
Além das 24 etapas do WQS em Florianópolis, sendo onze na Joaquina, dez na Praia Mole e três no Santinho, mais sete foram disputadas em outras quatro cidades do estado, Imbituba (2 etapas), Itajaí (2), São Francisco do Sul (2) e Laguna (1). No ano passado, o SuperSurf Internacional Prime que substituiu a etapa brasileira do WCT em Imbituba, foi um grande sucesso de público e de ondas na Praia da Vila. A sensação do surfe brasileiro, Gabriel Medina, deu um show de aéreos para vencer o evento que deu início a sua caminhada rumo à divisão de elite do ASP World Tour.
"Realmente é quase impossível imaginar o estado de Santa Catarina fora do calendário do circuito mundial da ASP", acredita Roberto Perdigão, diretor da ASP South America, escritório regional da ASP na América do Sul que é sediado em Florianópolis. "Recebendo eventos de grande porte desde os tempos do Festival Olympikus de Surf em 1982 e provas internacionais como o Hang Loose Pro de 1986 a 1989, em pouco tempo os torneios de surfe fizeram de Florianópolis um dos maiores palcos do esporte no Brasil e no mundo".
O dirigente continua destacando a importância dos campeonatos em Santa Catarina. "Atualmente, muitos surfistas profissionais de outros estados residem na Ilha de Magia e isto tem relação direta com os eventos realizados aqui no estado, principalmente com apoio incondicional de todos os governantes e prefeitos que por aqui passaram ao longo dos anos. Agora corremos o risco de perder uma das etapas mais importantes do nosso calendário por falta de apoio governamental. A FECASURF já tem patrocinadores fechados, mas a realização do Prime de Imbituba ainda depende de um aporte da mesma verba oferecida em 2011 pela Secretaria de Esportes, através do Fundesporte, que precisa ser confirmada pelo Governador do Estado. O prazo que temos para isso termina no próximo dia 20 de julho e desde já contamos com o bom senso dos responsáveis, ou Santa Catarina pela primeira vez nestes últimos 30 anos não estará no calendário dos principais eventos da ASP".