“Amigos, hoje é um dos dias mais tristes da minha vida... Se foi o meu querido irmão, meu melhor amigo, companheiro de inesquecíveis aventuras por este mundo de DEUS, quase 66 anos de amizade verdadeira... Hoje, com lágrimas nos olhos e o coração partido, o vi partir para sempre... Seus últimos dias foram de boas recordações e lembranças dos bons tempos juntos, lembranças estas que ficarão para sempre gravadas em nossas memórias... Uma coisa gostaria de te dizer: se existe outra vida e lá eu pudesse escolher um irmão, escolheria você... Jamais te esquecerei... Beijos e que DEUS te cuide enquanto não chego... Com todo amor do seu irmão Kleber”, escreveu seu irmão Kleber em sua página numa rede social.
Klécio e seu irmão Kleber na Prainha em 1973. Crédito: Arquivo Pessoal.
Klécio sempre teve água salgada na veia e percebeu lá atrás, nos anos 70, que através da fabricação de pranchas de surf ele poderia ficar mais perto do mar. Então, junto com seu irmão Kleber resolveu investir num novo negócio praticamente inexplorado naquela época: uma oficina de pranchas. E assim nasceu a K&K, que veio dos nomes dos irmãos Klécio e Kleber. Logo depois, ele deu seu próximo passo audacioso, que foi abrir uma loja na Galeria River no Arpoador, Rio de Janeiro, onde começou a vender pranchas, kits para consertos, shorts, parafina e t-shirts de outras marcas, surgindo assim uma das primeiras surfshops da galeria.
Klécio lixando na oficina de Vargem Grande. Crédito: Arquivo Pessoal.
Com uma super produção, a K&K começou a desenvolver vários modelos e distribuir para o país inteiro. A parceria com a Mesbla, a maior cadeia de lojas de departamentos da época que durante alguns anos patrocinou a etapa do mundial no Rio, tinha vingado e os foguetes estavam expostos em todas as filiais. E mesmo com toda a correria das lojas e fábricas, Klécio sempre tinha tempo para surfar.
Klécio em frente de uma de suas lojas. Crédito: Arquivo Pessoal.
Mas depois de duas décadas num ritmo alucinante, a marca passou pelo seu momento mais difícil. Na época, Klécio teve que fechar a fábrica de pranchas e de poliuretano, ficando só com três lojas. Só que em 2008 uma frase escrita ("A solução da sua vida está no desenvolvimento do seu raciocínio") numa porta no bairro carioca de Engenho Novo motivou Klécio a dar um novo salto. E naquele momento, ele resolveu voltar com tudo e uma de suas primeiras ações foi novamente contratar uma equipe forte de surf. O logotipo da marca também foi alterado para ter uma cara mais jovem e a K&K passou a apoiar escolinhas de surf, além de anunciar em revistas do seguimento.
Paulo Cesar Loureiro, Kiko, Klécio e Petit, o menino do rio, com um outro amigo agachado. Crédito: Arquivo Pessoal.
Os passos realmente foram acertados e hoje, 40 anos após a primeira prancha fabricada numa garagem em Copacabana e muitos galões de resina, a K&K conta com 11 lojas e voltou a ser uma das principais redes de surf shops do Rio de Janeiro. E até pouco tempo, Klecio, que sempre gostou de ajudar atletas, patrocinava surfistas do calibre de Heitor Alves, Silvana Lima, Simão Romão e Jeronimo Vargas.
Com seu troféu mais importante: o de campeão da etapa mundial de windsurf. Crédito: Arquivo Pessoal.
“A NOSSA MARCA É UMA DAS PIONEIRAS DO SURF NO PAÍS, UMA DAS RESPONSÁVEIS PELO DESENVOLVIMENTO DO ESPORTE NO BRASIL. EU VIVO DO SURF, VIVO PARA O SURF. A MINHA FAMÍLIA, MEUS AMIGOS, TODOS SÃO LIGADOS AO SURF E À ÁGUA SALGADA. VOU SURFAR SEMPRE!” - KLÉCIO MOTA
Confira abaixo a matéria "Semeando Surf" com Klécio Motta publicada na edição Surfar #23: