Surfistas homenageiam Ricardo dos Santos com roda no mar de Teahupoo

Líder do ranking, Mineirinho lamenta ausência do amigo na cerimônia de abertura no Taiti. Morto a tiros por policial militar em janeiro, big rider surfava onda com maestria.

14/Ago/2015 - globoesporte.com - Teahupoo - Tahiti - Polinésia Francesa

Quando se pensa em Teahupoo, no Taiti, é impossível não lembrar de Ricardo dos Santos. O surfista, morto a tiros por um policial militar em frente à sua casa, na Guarda do Embaú (SC), em janeiro deste ano, tinha a temida bancada como o seu quintal. O catarinense começou a encarar os tubos perfeitos e perigosos do local pela primeira vez em 2007, aos 16 anos. Mesmo sem experiência, ele mostrou muita técnica e estilo, um aperitivo do que estava por vir. Ricardinho passou a visitar a Polinésia Francesa com frequência, onde surfava com maestria. Ganhou o respeito dos locais e tornou-se um dos melhores brasileiros a surfar a onda. Venceu duas vezes a triagem para a etapa de Teahupoo e continua a ser lembrado. Nesta quinta-feira, o big rider foi homenageado por todos os surfistas, assim como membros da Liga Mundial de Surfe, em uma grande roda no mar, durante a cerimônia de abertura da sétima etapa do CT. 

É bem difícil para mim porque eu praticamente acompanhei todo o processo de hospital e tal... Depois ele faleceu... E estar aqui no Taiti, no lugar que ele mais amava, ao lado da Guarda do Embaú, é difícil. Eu sabia o quanto ele era perigoso nesse campeonato e o quanto ele almejava essa vaga. Esse ano, que sou número um, a gente teria a possibilidade de se enfrentar"

Adriano de Souza, o Mineirinho

Líder do ranking mundial e grande amigo de Ricardinho, Adriano de Souza lamentou a ausência de Ricardinho que tinha Teahupoo como um de seus lugares prediletos. Mineirinho foi um dos atletas na roda, que contou os brasileiros da elite, além de nomes como o havaiano Keanu Asing e os australianos Mick Fanning, Joel Parkinson e Taj Burrow. 

- É muito difícil estar aqui sem ele. Este era o campeonato que, em todos os anos, ele sempre dava muito trabalho nos trials (triagem para o evento principal). É bem difícil para mim porque eu praticamente acompanhei todo o processo de hospital e tal... Depois ele faleceu... E estar aqui no Taiti, no lugar que ele mais amava, ao lado da Guarda do Embaú, é difícil. Eu sabia o quanto ele era perigoso nesse campeonato e o quanto ele almejava essa vaga para entrar. Esse ano, que sou número um, a gente teria a possibilidade de se enfrentar, mas, é isso... - disse o paulista do Guarujá.

Ricardinho, que era freesurfer, não pôde brigar por uma vaga para entrar na sétima etapa do CT, mas o Brazilian Storm ganhou um reforço de peso: Bruno dos Santos. Campeão do evento em 2008, ele ficou segundo colocado nos trials em 2015 - o vencedor foi o taitiano Taumata Puhetini. O surfista de Niterói também era próximo do surfista que deixou o mundo do surfe de luto. Se ainda estivesse vivo, Adriano imaginou o que o catarinense poderia dizer aos presentes. 

- Como eu falei ali para todo mundo, ele queria muito dar os parabéns para a galera que ganhou a vaga: o taitiano e o Bruninho. E é isso: celebrar a vida, celebrar a união dos surfistas, que, em um momentos destes, se apoia e está junto, um do lado do outro.

O big rider catarinense surfava desde os 7 anos e era especialista em ondas pesadas e tubulares. Ele tem no currículo vitórias em 2011 e 2012 do Trials para o WCT de Teahuppo, em que garantiu vaga para a etapa do Taiti. Em 2012, o catarinense eliminou o 11 vezes campeão do mundo, Kelly Slater. Também superou Taj Burrow e só perdeu contra Mick Fanning, atual vice-mundial, terminando na quinta posição. No ano seguinte (2013), quando brigava pelo terceiro título seguido do trials, disputou uma onda com Jamie O´Brien e levou um soco na boca do americano. Naquele ano, Ricardo ganhou o prêmio de onda da temporada havaiana, batendo nomes como Slater e John John Florence.