Tubos de Aniversário

Foram 40 dias surfando no arquipélago. Cheguei em Mentawai no dia do swell com 6 pés de ondas sólidas e tubulares. Na minha primeira onda do dia, eu cai dentro do tubo e fui de cabeça e costas nos corais. Não sei como não tive cortes fundos. Foi Deus! Ganhei dois galos na cabeça e um arranhão superficial nas costas. A pancada foi tão forte, que travou o movimento das minhas costas até as pontas dos dedos da mão do lado direito. O dia seguinte foi de repouso e antiinflamatórios. Mesmo assim eu não desisti!

Tive ajuda e o incentivo do meu noivo Marco Vetro e dos amigos Renan e Sérgio Salgado, que foram nosso técnico e cinegrafista, o "Gopro Man". Precisei aprender a dropar rápido e virar sem chegar na base da onda, botar pra dentro, manter a linha e acelerar para sair do tubo. O mais sinistro era saber que eu não podia vacilar. Se caísse, iria direto para a bancada de corais. Superei o desafio e até ganhei uma certa confidência. A alegria ficou completa quando, no dia do meu aniversário, ganhei as fotos de uma manhã clássica registrada pelo o dono do Barco Navistar, o Chris Love. Acredito ser a primeira de muitas outras sequências de tubos. Porque garotas também podem entubar né gente!!!

Moro em Bali há 6 anos e acostumei a surfar as esquerdas balinesas. Entubar de back side é um desafio pra qualquer garota, principalmente quando o tubo exige velocidade. Sabemos que acelerar de backside em tubos como Padang, Desert e G-land não é pra qualquer um. Eu continuo tentando.

Evolução é algo constante na vida e no surf. Eu já experimente a adrenalina de surfar ondas grandes como Waimea e Sunset, no Hawaii e adoro a vibe de "Big rider". Mas ser uma "tube rider" era um sonho distante pra mim. Sabendo que a hora de entubar é a parte mais rasa da bancada, eu morria de medo de cair e me arrebentar nos corais. Ja tive muitas experiências perigosas surfando na Indonésia. Há 3 anos, bati com o queixo no fundo dos corais de Uluwatu. Levei 6 pontos e quase perdi os 4 dentes de baixo. Achei que ficaria traumatizada e nunca mais surfaria picos rasos e mare muito seca. Graças a Deus, eu superei esse medo porque a vontade de aprender sempre foi mais forte.