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Xandinho surfa onda gigante em Noronha

30/Mar/2008 - Marcelo Cartaxo

No último dia 23, o arquipélago de Fernando de Noronha recebeu grandes ondulações, que invadiram o porto da ilha, arrastaram barcos e provocaram ondas gigantes. O fato foi amplamente noticiado na imprensa local. Para o pernambucano Alexandre Ferraz, 23 anos, o episódio foi motivo de alegria. Mostrando uma coragem surpreendente, aliada a sua técnica como surfista profissional, o atleta obteve a façanha de surfar, na Cacimba do Padre, uma onda de mais de 12 pés (4 metros) de altura, a maior onda no Brasil, nesse ano.

Registrada pela lente do renomado fotógrafo de surf Clemente Coutinho, a foto já entra como uma das favoritas na disputa pelo Prêmio Greenish Maior Onda Brasil. Vence o surfista que descer a maior onda no País, na remada, entre os dias 1º de janeiro e 31 de dezembro. O campeão leva a incrível bolada de R$ 25 mil. O fotógrafo, ou videomaker, que registrar o momento também recebe um prêmio, de R$ 5 mil, mesma quantia que será paga ao shaper da prancha do atleta.

No caso de Xandinho, o consagrado shaper Ricardo Marroquim, o Marroca, foi o responsável por projetar a prancha, tamanho 7’6”, usada por Ferraz. “A prancha que fiz com Marroca foi pensando em ir para o Hawaii, na última temporada. Mas como não consegui viajar, fiz a estréia dela nesse dia histórico em Noronha”, conta Alexandre. “Ela (a prancha) funcionou muito bem e me deu muita segurança para encarar as morras”, comenta Ferraz, que dividiu o pico com surfistas experientes e profundos conhecedores das potentes ondas da Cacimba, como o big rider potiguar Aldemir Calunga, os pernambucanos Eduardo Fernandes, Alan Rangel e o noronhense Caia Souza.

Apesar de ter descido várias ondas nesse dia, muitas delas perfeitas, Xandinho não conseguia se posicionar bem na famosa Laje da Cacimba para descer as maiores. Até que entrou uma imensa série e ele não hesitou em botar pra baixo. “Foi tudo muito rápido. Dropei com muita velocidade, cavei com pressão e fiz a onda toda até a beira. Sai logo do mar e fui perguntar para Clemente se ele havia feito a foto, pois nesse dia só pensava em ter a chance de entrar na disputa pelo prêmio Greenish. Graças a Deus deu tudo certo”, relata Alexandre, que fez sua sexta temporada no Hawaii Brasileiro – como é apelidada Noronha, no meio surfístico.

FOTO HISTÓRICA – “Essa onda de Xandinho foi, com certeza, a maior onda que eu já fotografei em Noronha”. Essa afirmação de Clemente Coutinho tem grande peso. Freqüentador assíduo da ilha, desde de 1994, esse pernambucano já contabiliza cerca de 25 viagens ao lugar, nesses últimos 14 anos. Seus momentos de ação, na Cacimba, já ilustraram diversas revistas especializadas, entre elas a extinta Surf Press, a HardCore e a líder do segmento na América Latina, a Fluir.

Clemente é considerado, pelos principais especialistas em surf do Brasil, como um dos melhores fotógrafos especializados nesse esporte, no País. Em seu currículo, ele conta com grandes oportunidades de clicar ondas de “sonho” em lugares como Hawaii, Indonésia, México, Panamá, Chile, Peru, El Salvador, Filipinas, Galápagos, Nicarágua, Baja Califórnia, Portugal e Nova Zelândia.

Apesar da experiência internacional, Clemente ficou impressionado com o grande swell do último dia 23. “O swell de Noroeste que entrou na Cacimba deixou as ondas perfeitas, diferente do swell de Norte, quando normalmente fecha tudo. Nesse dia entraram várias ondas tão gigantes quanto a que Xandinho pegou. O problema é que os atletas que estavam dentro d’água não estavam com equipamento adequado (leia-se pranchas maiores) para remar com mais velocidade para entrar nas morras”, comenta o fotógrafo.

De acordo com Coutinho, o fato é que esse swell pegou todo mundo de surpresa. “Ninguém esperava ondas grandes em Noronha nesse período, pois elas entram normalmente em dezembro e janeiro. Mas quem acompanhou o desenrolar do swell nos sites de previsão de ondas, como o surfguru.com.br, por exemplo, não pensou duas vezes e seguiu viagem para arriscar, uma vez que a bóia de marcação chegou a apontar 2.1 metros por 16 segundos”, explica.

EXPECTATIVA - Tricampeão pernambucano de surf, estudante do curso de educação física e professor de yoga, Xandinho - que conta com o apoio da Mentor, Marroquim, Teccel, Academia Vip Fitness, Academia Olímpica e Sandesturismo - agora ficará aguardando até o final do ano, com ansiedade, o desenrolar dessa disputa, no qual os cariocas são os grandes rivais. Em 2006, Evaristo Ferreira (RJ) venceu o Prêmio Greenish com uma morra surfada em Itacoatiaca, Niterói (RJ). No ano passado, Bruno Santos (RJ) faturou os R$ 25 mil, também com uma onda grande dropada no mesmo pico carioca. É esperar pra ver.